Madeira

"O folclore não é feito pelos professores nem pelo Sindicato"

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O Sindicato dos Professores da Madeira (SPM) levou a cabo, esta manhã, uma iniciativa em que apresentou uma série de reivindicações que visam manifestar descontentamento com a tutela de Jorge Caravalho, secretário regional de Educação.

Em declarações ao DIÁRIO, Francisco Salgueiro Oliveira, coordenador do SPM, respondeu às declarações de Jorge Carvalho, afirmando que o "folclore não é da parte dos professores nem do Sindicato".

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O folclore não vem da parte do Sindicato nem dos professores. O Sindicato denuncia aquilo que encontra nas escolas. O folclore fá-lo-á quem não reconhece a realidade das escolas, e para nós não nos espanta que isso aconteça. A música que encontramos nas escolas é uma música que está claramente dita por esses colegas que rejeitam colocação na Madeira. É uma música que não é agradável. Francisco Salgueiro Oliveira, coordenador Sindicato dos Professores da Madeira

Sobre os cerca de 20 professores que Jorge Carvalho anunciou terem rejeitado colocação na Madeira, Francisco Oliveira, sublinha que é "algo muito significativo" e que demonstra o quanto "a carreira de professor não é aliciante".

Como é que estas condições podem ser aliciantes para um jovem que inicia carreira? As pessoas são colocadas e começam a fazer contas à vida e quanto é que vão receber e quanto vão gastar em despesas. As pessoas sabem fazer contas e contabilizando tudo é evidente que dizem que mais vale não trabalharem nesta área, porque não vão ter uma qualidade de vida Francisco Oliveira

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Uma grandes condicionantes que o coordenador aponta é o preço dos combustíveis que muitos professores têm que gastar, sobretudo aqueles que ficam colocados em escolas fora da sua área de residência. "Já era assim, mas com o aumento dos combustíveis ainda se tornou mais dramático. As pessoas gastam combustível para ir e vir todos os dias, têm que almoçar fora de casa, trabalham durante a semana,  trabalham ao fim-de-semana e à noite para preparar actividades, corrigir testes e uma série de exigências que a nossa carreira tem. De facto, as pessoas chegam ao final do mês sem dinheiro e cansadas", frisou.

Sobre o arranque das aulas, que este ano acontece uma semana mais cedo que no Continente e Açores, o Sindicato aponta como "muito precipitado" em relação aquilo que devia acontecer para que houvesse tempo para preparar as actividades lectivas. "Não há nada que justifique. Pedagogicamente isto é completamente errado", disse, acrescentando que o Sindicato está "completamente contra" esta situação. "É preciso pensar uma abertura do ano que não seja uma resposta meramente social, embora isso também seja importante, mas que corresponda aquilo que pedagogicamente é acertado e isso não está a acontecer", afirmou.

Não obstante, Francisco Oliveira destaca que este "arranque precoce" fez com que muitos professores não pudessem gozar todas as férias a que tinham direito. "Infelizmente os professores não conseguem mesmo ir de férias antes de Agosto, que é o mês que está previsto para as férias. Nós gostávamos que esse mês fosse totalmente de férias", reiterou.