Brasil celebra bicentenário da independência com país dividido a pensar nas eleições
O Brasil celebra na quarta-feira, 07 de setembro, o bicentenário da independência de Portugal com um país altamente polarizado e a pensar nas eleições presidenciais que ocorrem dentro de menos de um mês.
O epicentro das celebrações será a capital do país, Brasília, que contará com a presença do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República portuguesa, Augusto Santos Silva, e dos chefes de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.
Também o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, participa nas comememorações.
No dia antes de se assinalar os 200 anos do famoso grito "Independência ou morte!", de D. Pedro, às margens do Rio Ipiranga, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fará uma receção aos representantes dos países estrangeiros, no Palácio Itamaraty, num tiro de partida das comemorações do Bicentenário da Independência.
Mas é no dia seguinte, na quarta-feira, que todas as atenções se concentram, até porque, no ano passado, o 07 de setembro foi marcado por declarações inflamatórias de Jair Bolsonaro sobre um putativo golpe de Estado e de ataques a juízes do Supremo Tribunal Federal.
Este ano, as principais cidades do país reforçaram as estruturas de segurança para os desfiles e manifestações para o dia da independência, que desde a chegada ao poder de Jair Bolsonaro se tornou num dia de demonstração de força política por parte da direita conservadora.
Vários analistas citados pela imprensa local disseram acreditar que o tom de Jair Bolsonaro será mais brando até para atenuar a sua taxa de rejeição que, a menos de um mês do seu 'embate' eleitoral com Luiz Inácio Lula da Silva, se situa nos 52%. A primeira volta das eleições brasileiras realiza-se em 02 de outubro.
Ainda assim, o dia poderá ser utilizado para uma demonstração de força política, especialmente no Desfile em Brasília e no Rio de Janeiro.
O jornal Metrópoles dá conta que está a ser organizado no estado adjacente de Brasília, Goiás, um forte movimento, "Caravana, pela última vez", para transportar apoiantes do Presidente brasileiro à capital do país.
Em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, o desfile está previsto para as 09:00 locais e deverá contar com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, Umaro Sissoco Embaló, José Maria Neves e de representantes dos restantes países de língua oficial portuguesa.
Segundo a organização, são esperadas cerca de 280 mil pessoas num desfile que contará com a participação de quase 6.000 militares. Segundo a CNN Brasil, o único ex-presidente brasileiro que deverá marcar presença é Fernando Collor de Mello.
À tarde, Bolsonaro deverá viajar para o Rio de Janeiro para se juntar a uma manifestação com os seus apoiantes em Copacabana.
No dia seguinte, na quinta-feira, os chefes de Estado português, cabo-verdiano, guineense, Augusto Santos Silva e representantes dos restantes países lusófonos marcarão presença na sessão solene no Congresso Nacional brasileiro.
Antes da sessão solene, os convidados participarão ainda da abertura da exposição "200 Anos de Cidadania: O Povo e o Parlamento", também parte das comemorações do Bicentenário da Independência, feita em conjunto pelo Museu do Senado e o Centro Cultural da Câmara dos Deputados, segundo a Agência Senado, "a mostra revisita a Independência para mostrar a evolução dos direitos civis, políticos, sociais, étnico-raciais e coletivos, até as conquistas legislativas mais recentes".
Por confirmar ainda está uma possível reunião bilateral entre Bolsonaro e Marcelo Rebelo de Sousa.
Na última visita do Presidente português ao Brasil, no início de julho, Jair Bolsonaro fez saber pela comunicação social que não iria receber Marcelo Rebelo de Sousa em Brasília, decisão que justificou com o facto de este se encontrar com o antigo Presidente Lula da Silva em São Paulo.