Marcelo defende medidas urgentes, flexíveis e destinadas aos mais carenciados e à classe média
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje que o pacote de medidas que o Governo irá apresentar para responder à inflação deve ser urgente, flexível e dirigido aos mais carenciados, mas também à classe média.
Em declarações aos jornalistas, à saída de uma conferência da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em Almada, quando questionado sobre um aparente consenso entre o Governo e o líder do PSD, Luís Montenegro, sobre o conteúdo do pacote de medidas que será aprovado na segunda-feira, em Conselho de Ministros Extraordinário, Marcelo Rebelo de Sousa disse ser bom que ambos estejam de acordo "quanto à urgência".
"É bom que a urgência signifique já, é bom que isso signifique medidas a pensar nos mais carenciados, mas também na classe média", disse o chefe de Estado.
Em linha com o que já tinha defendido no sábado sobre a flexibilidade das medidas consoante a evolução económica, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que o pacote deve contemplar "um leque diverso de medidas", "que seja para entrar em vigor rapidamente", considerando também "bom que seja flexível, para prever ajustamentos no futuro".
O Presidente da República confirmou ainda ter falado com o primeiro-ministro, António Costa, sobre o pacote de medidas, mas escusou-se a entrar em detalhes.
"A conversa foi circunstancial", disse, acrescentando que o primeiro-ministro está "a fazer o que tem de fazer, que é entre hoje e amanhã [segunda-feira] trabalhar no pacote".
No sábado, o Presidente da República já havido defendido um equilíbrio no pacote de apoio às famílias que o Governo irá anunciar, considerando que é preciso atuar com urgência, mas que as medidas devem ser ajustadas mês a mês.
"É preciso atuar com urgência, mas com cuidado por causa do acompanhamento da evolução económica", disse em declarações aos jornalistas numa visita à Feira do Livro de Lisboa.
Questionado sobre o pacote de medidas de apoio às famílias que o executivo irá anunciar na segunda-feira, o chefe de Estado escudou-se nos comentários do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que na quinta-feira defendeu que não se adotem medidas pró-cíclicas.
"Foi o que disse o governador do Banco de Portugal. Há que ter, por um lado, uma intervenção choque para compensar a situação vivida nos últimos meses e neste momento, e por outro lado, há que acompanhar -- eu tenho repetido isto -- a inflação. Há quem pense que a inflação pode descer a partir de outubro, novembro", disse.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, as medidas que serão anunciadas terão como objetivo um "efeito choque imediato", mas é preciso ter presente que se a inflação descer a pique a partir do final do ano estas "têm de ser reajustadas".