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África poderá tornar-se a 7.ª ou 8.ª economia do mundo dentro de 20 anos

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O secretário-geral da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, na sigla em inglês) Wamkele Mene, mostrou-se hoje confiante de que em 20 ou 30 anos África poderá ser a 7.ª ou 8.ª maior economia do mundo.

"Se aproveitarmos o setor privado e fornecermos as condições necessárias para o setor privado, não há absolutamente razão nenhuma para que o continente africano, em 20 ou 30 anos, não possa ser tão competitivo como outros países com populações semelhantes", disse o responsável numa intervenção no primeiro fórum de comércio e investimento entre África e as Caraíbas, a decorrer em Bridgetown, Barbados.

Ao introduzir um painel sobre o papel do setor privado no reforço da cooperação comercial entre África e as Caraíbas, Mene disse acreditar que, se o continente usar o acordo comercial que criou o AfCFTA para trazer benefícios para o setor privado, verá a industrialização que quer ver, a criação de empregos que quer ver.

"Mais importante, África, nesse momento, será provavelmente a 7ª ou 8ª maior economia do mundo, daqui a 20 a 30 anos, ou talvez antes, mas certamente está ao nosso alcance", disse.

Reconhecendo que África enfrenta desafios como a sobredependência das exportações de 'commodities' primárias, a pequena dimensão das economias ou a fraca industrialização, o secretário-geral disse que a AfCFTA pretende responder a essas dificuldades, pretendendo consolidar o mercado africano, de 1,3 mil milhões de pessoas e um PIB combinado de 3,4 biliões de dólares (sensivelmente o mesmo em euros).

Mene lembrou que as estimativas apontam que este valor deverá duplicar até 2035 para sete biliões de dólares.

"É um mercado muito significativo que apresenta oportunidades de investimento muito apelativas que convido os nossos irmãos e irmãs nas Caraíbas a considerar", disse.

No entanto, sublinhou que é preciso apoiar o setor privado e garantir que existem ferramentas para acelerar o seu envolvimento e investimento, algo que a AfCFTA tem procurado fazer.

Exemplificou com o Sistema Pan-africano de Pagamentos e Liquidações (PAPSS, na sigla em inglês), introduzido em janeiro pelo Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) para permitir que as transações no continente possam ser feitas na moeda local.

Num continente que tem 42 moedas, as empresas, sobretudo pequenas e médias empresas, perdem anualmente cinco mil milhões de dólares para fazerem transações entre regiões ou com os países vizinhos.

O PAPSS vai permitir que uma empresa no Gana possa fazer uma transação em Cedis ganeses com uma empresa no Quénia e essa empresa recebe a transação em xelins quenianos, sem ter de recorrer a uma terceira moeda, como o dólar, o que era necessário até agora.

Vai por isso facilitar os negócios, particularmente entre as pequenas e médias empresas, que representam 450 milhões de empregos em África, mais de 60% do PIB africano.

Referiu ainda a criação do Mecanismo de Resolução de Disputas, que vai permitir que as empresas, pequenas ou grandes, possam investir no continente com confiança de que as regras as protegem.

"Olhámos para diferentes modelos em todo o mundo (...) e desenhámos um que acreditamos ser de padrão global em termos de solução de conflitos.

E acrescentou que, para responder aos países ou setores que não são competitivos ou não têm o investimento necessário para se tornarem competitivos, o Afreximbank está a criar o Fundo de Ajustamento AfCFTA, com um montante inicial de mil milhões de dólares, que serão disponibilizados ao setor privado.

"Não pretendemos que o fundo de ajustamento seja acedido pelo ministro das Finanças (...). O que esperamos é que o fundo de ajustamento tenha um impacto direto no nível setorial. Se o setor têxtil e de vestuário ou o setor automóvel ou o setor de agronegócios precisar de mais apoio, este instrumento destina-se a fornecer esse apoio, seja para a aquisição de maquinaria ou para formação de trabalhadores", disse.

Organizado pelo Afreximbank e o Governo de Barbados sob o lema "Um Povo. Um Destino. Unir e Reimaginar o nosso Futuro", o AfriCaribbean Trade and Investment Forum (ACTIF2022) decorre até sábado em Barbados e visa fortalecer os laços económicos entre África e as Caraíbas.