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Há uma hora da andorinha. Um longo espaço de voo para a Liberdade. Em tudo. Haja pluralidade e diversidade, sendo a dialética o motor do processo. Em tudo, dizia. Haja mudança radical e transformação acelerada, sendo a Crítica da Razão o vector do nosso percurso. Sejamos, pois, Cidadãos - da cidadania que resista à parvónia dominante e induza, aqui e agora, ao caminho por caminhar. Antes do entardecer deste nosso tempo histórico.

Já sabe tão bem a Outono, quão aceitável a gravana. E o vinho, para não dizer que não falei de flores, com mais significado. Todavia, nem tudo anda romântico (o regime iraniano, que se acha sagrado, mata, diabolicamente, assim como diz ao que vem a extrema-direita na Itália e a necropolítica global inspira a nova guerra-fria), nem tudo estonteante qual pão que sai no forno nesta manhã ou melodioso como pássaro no seu giro estival. Começo a afastar-me (sem crise, people) do que me turva o sonho e do que não me faz sorrir. Deve ser da idade. Entrementes, o mundo gira. É a sina do gira-mundo. Capiche?

Cansa-me ver a unanimidade a ser cada vez mais burra. Os exegetas da democracia, das liberdades, direitos e garantias, do Estado de Direito, pretendem defender furiosa e dogmaticamente a Constituição, fazendo vista grossa ao ditame do Estado Democrático de Direito, que assegura aos cidadãos de todos os espectros político-ideológicos, mesmo os eventualmente não apoiantes do regime, o amplo exercício da liberdade de pensamento e de expressão. Não se pode mandar descer o Carmo e a Trindade, se no âmbito da celebração do 30º Aniversário da CRCV, aparecerem pontos, como os levantados por Jorge Carlos Fonseca, e contrapontos, como os ponderados por Cristina Fontes, assim como relevantes as posições de Casimiro Pina, que uns apoiam, e as de Wladimir Brito, que outros subscrevem. No chão da República, fundada soberana em 1975, e, refundada também democrática em 1992, tudo sujeita-se à crítica, à crise, à revisão e à erosão, assim como ao escrutínio e ao contraditório. Olhai os lírios do campo, deixai cair a unanimidade que, já dizia Nelson Rodrigues, é mesmo burra, gente amiga!

Colheu-se este trecho de um artigo intitulado “Para quê efabular, quando a realidade é tão rica de acontecimentos?”, de Luísa Teotónio Pereira (Diário de Notícias):

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Marrocos tem pressionado e oferecido vantagens e benesses significativas a dirigentes de países que aceitem “abrir” consulados (ilegais, segundo o Direito Internacional, e fantasma, porque não há cidadãos nacionais que os justifiquem) nas cidades de El Aiun ou Dakhla, no Sahara Ocidental ocupado. Foi o caso que manchou a diplomacia e o Estado de Cabo Verde em 18 de agosto passado.

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E esta? Dou benefício às autoridades para uma versão mais decente e “menos cabeluda”. Os cidadãos merecem um cabal esclarecimento. Ou não?