Actualização dos escalões ditará maior ou menor subida do salário líquido em 2023
A dimensão da atualização dos escalões de IRS em 2023 ditará o acréscimo de rendimento líquido do trabalhador que tenha um aumento salarial, com simulações da Deloitte a indicarem que o acréscimo será maior junto de quem mais ganha.
Um trabalhador com um salário bruto anual de 11.200 euros (800 euros por mês) verá o rendimento avançar para os 11.760 euros em 2023 se tiver um aumento de 5%. Mas o acréscimo do valor líquido dependerá do que for feito em relação aos escalões do IRS.
De acordo com um conjunto de simulações da consultora Deloitte, se os escalões não forem atualizados em 2023, o salário líquido que resultará daqueles 11.760 euros brutos, será de 9.560 euros, ou seja, avançará 4,04% face aos 9.189 euros líquidos recebidos este ano.
Já uma pessoa que ganha 70.000 euros brutos por ano (5.000 euros por mês) este ano, passará a ganhar 73.500 euros brutos por ano em 2023 se tiver uma atualização salarial de 5%. Sem uma atualização dos escalões, o líquido avançará 4,21%, ao passar dos 40.692 euros deste ano para 42.405 euros em 2023.
O aumento do rendimento disponível nestes dois patamares salariais (800 e 5.000 euros) é também mais forte para quem ganha cerca de 5.000 euros num cenário de atualização dos escalões de 4% ou de 8% em 2023.
Num contexto de inflação elevada como o atual e de aumento generalizado dos preços, Ricardo Reis, da Deloitte, lembra que há várias medidas que o decisor político tem ao seu dispor que se refletem em aumento de rendimento sem que, com isso, tenha de fazer alterações profundas à moldura legal do IRS.
Num encontro com jornalistas a propósito do Orçamento do Estado para 2023 -- cuja proposta será apresentada pelo Governo no dia 10 de outubro -- o fiscalista deu como exemplo a atualização dos escalões como uma das medidas que, a ser tomada, tem impacto no rendimento das famílias.
O mesmo acontecerá se, exemplificou, houver mudanças ao nível da dedução específica (que está balizada nos 4.104 euros) nos limites das deduções à coleta ou no mínimo de existência.
Durante o encontro, Ricardo Reis referiu que nos três momentos em que no passado se registaram taxas de inflação mais elevadas (como os 13,6% em 1990, os 4,40% em 2001 ou os 3,20% em 2003) os escalões foram atualizados em valor semelhante ou superior.