China corre risco de ficar isolada do resto do mundo
Afirmação feita pelo bilionário indiano Gautam Adani.
A China poderá ficar cada vez mais isolada do resto do mundo e corre riscos semelhantes aos enfrentados pelo Japão, durante a chamada "década perdida" de estagnação nos anos 1990, afirmou hoje o bilionário indiano Gautam Adani.
Num discurso proferido durante a 20ª edição da Conferência Forbes Global CEO, em Singapura, Adani, o segundo homem mais rico do mundo, disse que o "aumento do nacionalismo, a mitigação de riscos nas cadeias de fornecimento e as restrições tecnológicas" vão provavelmente afetar a ligação entre a China e outras economias.
A iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota", que deveria ser uma demonstração das ambições globais de Pequim, está também a enfrentar crescente resistência, aumentando os desafios para o país asiático, argumentou.
Lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, aquele plano internacional de infraestruturas inclui a construção de ligações ferroviárias, autoestradas, aeroportos e zonas de comércio livre, visando abrir novas rotas comerciais em regiões pouco integradas na economia global, incluindo Leste Asiático, Ásia Central ou África.
Uma crise de dívidas soberanas nos países em desenvolvimento e o encerramento das fronteiras da China, no âmbito da política de 'zero covid', no entanto, estão a frustrar os planos de Pequim.
"Antecipo que a China -- que era vista como a principal beneficiadora da globalização -- se vai sentir cada vez mais isolada", notou.
O país asiático enfrenta ainda uma crise no setor imobiliário, que ameaça pôr termo a décadas de acelerado crescimento. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas -- cerca de 70%, segundo diferentes estimativas. O investimento em imobiliário por si só representa cerca de 15% do PIB do país.
A isto junta-se uma guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos.
Apesar do pessimismo em relação à China, o magnata indiano disse acreditar que as economias globais em geral se vão reajustar e recuperar a longo prazo.
Adani considerou que a turbulência global, causada pela guerra na Ucrânia, o aquecimento global e inflação galopante, acelerou as oportunidades para a Índia, a quinta maior economia do mundo.
"Isto tornou a Índia num dos poucos pontos relativamente brilhantes a nível político, geoestratégico e de mercado", acrescentou.
A Índia deve tornar-se a terceira maior economia do mundo até 2030, previu.
"Vamos ter uma idade média de apenas 38 anos mesmo em 2050 e seremos o país com a maior classe média consumidora que o mundo já viu", disse.
Adani destacou que o PIB da Índia levou quase 58 anos para atingir a marca de um bilião de dólares, mas que levou apenas 12 anos e, depois, apenas cinco anos, para ultrapassar as marcas dos dois e três biliões de dólares, respetivamente.
Embora o crescimento da Índia tenha sido amplamente impulsionado por investimentos domésticos, Adani enfatizou a importância do apoio estrangeiro. Ele apontou que o país registou a sua maior entrada anual de investimento direto estrangeiro, de 85 mil milhões de dólares, no ano passado, um sinal do aumento da confiança global no país asiático.
"O ponto que gostaria de salientar é que a Índia está cheia de oportunidades incríveis. A verdadeira história de crescimento da Índia está apenas a começar", frisou.
"As próximas três décadas serão os anos mais decisivos para o impacto que a Índia vai ter no mundo", apontou.