Novas explosões perto da central nuclear de Zaporíjia
Várias bombas deflagraram hoje perto da central nuclear ucraniana de Zaporíjia, ocupada por tropas russas, e estilhaçaram vidros em alguns edifícios, mas com danos limitados, indicou a Agência internacional de Energia Atómica (AIEA).
Os inspetores da agência da ONU que permanecem nas instalações indicaram que foram registadas esta manhã novas explosões perto do canal que fornece água ao sistema de refrigeração da central, uma componente essencial para a segurança da instalação.
"Não se registaram danos na estrutura ou na equipa presente na central, mas duas janelas da sala do reator da unidade ficaram partidas" assinalou a AIEA em comunicado.
Na segunda-feira, diversas bombas deflagraram no setor das ligações elétricas, a algumas centenas de metros do centro de formação da central nuclear, a maior da Europa.
Estas explosões e bombardeamentos são os primeiros em vários dias e demonstram "que a situação permanece precária e é necessária uma ação imediata para reduzir o risco de acidente", assinalou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, citado no comunicado.
Grossi recordou que a maior central nuclear da Europa está "em metade de uma zona de guerra".
O chefe da AIEA manteve contactos na semana passada com a Rússia e a Ucrânia para impulsionar a criação de uma zona de segurança em redor da central, e na segunda-feira insistiu na disponibilidade de prosseguir as consultas nos dois países.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.