Rússia poderá forçar mobilização de ucranianos com anexação
O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) admitiu hoje que a Rússia poderá anexar regiões da Ucrânia que controla já no fim desta semana, para forçar o recrutamento militar dos residentes ucranianos.
Segundo o ISW, o ciclo normal de recrutamento militar na Rússia inicia-se em 01 de outubro (sábado), e a rápida integração de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia poderá forçar os ucranianos ali residentes a lutar pelas forças russas.
"Se o fizer, o Kremlin [Presidência] ordenará provavelmente ao Ministério da Defesa russo que inclua civis ucranianos no território ucraniano ocupado e recentemente anexado no ciclo de recrutamento russo", disse o ISW na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia.
Desta forma, o regime russo alargará "a mobilização forçada de civis ucranianos para lutar contra a Ucrânia", disse o instituto com sede nos Estados Unidos.
As autoridades de Moscovo têm indicado que o processo de integração será rápido e o Presidente russo, Vladimir Putin, poderá falar ao país na sexta-feira, segundo fontes ocidentais.
As autoridades pró-russas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia organizaram consultas populares sobre a integração na Rússia, que se iniciaram na sexta-feira passada e terminam hoje.
A responsável eleitoral da administração pró-russa de Kherson, Marina Zakharova, admitiu que os resultados da consulta começarão a ser divulgados ainda hoje, noticiou a agência oficial TASS.
Zakharova disse também que Kherson registou uma taxa de participação de 63,5% nos primeiros quatro dias de votação.
A Ucrânia e a comunidade internacional não reconhecem a validade dos referendos.
Em 2014, a Rússia usou o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.
Putin anunciou, na semana passada, a mobilização de 350.000 reservistas, no que foi interpretado como uma resposta à contraofensiva que a Ucrânia lançou recentemente, depois de ter recebido novo armamento ocidental.
O ISW recordou que funcionários russos admitiram, nos últimos dias, a mobilização de ucranianos para lutar contra as forças da Ucrânia.
"O governador de ocupação russo de Sevastopol, Mikhail Razvozhaev, nomeado pelo governo russo, afirmou em 25 de setembro [domingo] que as autoridades russas mobilizaram cerca de 2.000 homens na Crimeia ocupada e em Sevastopol como parte da mobilização parcial de Putin", disse o instituto.
Nos últimos dias, ainda segundo o ISW, surgiram notícias sobre a proibição da saída de Kherson de homens com menos de 35 anos, a formação de um batalhão de 3.000 voluntários até 10 de outubro em Melitopol e ordens de mobilização em Lugansk.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares na guerra na Ucrânia, que a Rússia iniciou em 24 de fevereiro deste ano, mas diversas fontes têm admitido que será da ordem das dezenas de milhares.
A ONU confirmou a morte de cerca de 6.000 civis, mas tem alertado que o balanço será consideravelmente superior.