“Não deviam existir aulas de nenhum tipo de religião nas escolas”
Pároco de São Roque e de São José diz que a prevalência de aulas de Moral nas escolas públicas é um resquício do salazarismo
Num comentário colocado na sua página de Facebook sobre a manchete do DIÁRIO do passado domingo - ‘Falta de professores deixa alunos sem Religião e Moral’ - o padre José Luís Rodrigues mostra-se contrário à existência daquele tipo de disciplina nas escolas públicas. “Antes de mais, fique bem claro que não deviam existir aulas de nenhum tipo de religião nas escolas, pois, é bem revelador das incongruências do Estado confessadamente laico. Esta prevalência de aulas de Moral na vertente católica nas escolas oficiais é um resquício do salazarismo, que os valores democráticos ainda não tiveram coragem de pôr cobro. Preferia ouvir falar que existiam aulas deste teor só e unicamente nas escolas privadas ligadas às confissões religiões. E ponto final”, escreve o pároco de São Roque e de São José na rede social, mostrando-se perplexo com a falta de docentes para as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. “Andava convencido que o problema seria ao contrário, muitos professores de EMRC para poucos ou nenhuns alunos. Afinal, o problema é diferente, bem grave e revela o quanto está envolta de incompetência também esta área ligada à Igreja Católica da Madeira”, critica, sublinhando que “havendo aulas nas escolas oficiais de cariz ético/moral e ou de estudo das religiões, que fossem aulas marcadamente de civilidade e de humanismo”.
Falta de professores deixa alunos sem ‘Religião e Moral’
Falta de professores deixa alunos sem ‘Religião e Moral’ é o assunto que faz hoje a manchete do DIÁRIO. Há mais de 7 mil matriculados na disciplina facultativa neste ano lectivo, mas nem todos a vão frequentar. 60% estão no ensino privado. Seis escolas públicas estão a recrutar docentes. Para consultar nas páginas 2 e 3.
Assegurando que “estamos bem saciados de confusão religiosa por todo lado”, sugere que a oportunidade (falta de docentes) deveria de ser aproveitada pela Igreja. Apesar de contestar a “incongruência” que o Estado laico confere à Igreja Católica, esta não pode desaproveitar de “mão beijada” a lacuna existente. “Havendo inscritos nesta disciplina, como é o caso, as necessidades disponíveis nas respectivas escolas, deviam ser preenchidas imediatamente, contribuindo-se assim para empregar pessoas que precisam de salário para alimentarem a sua família. Digam o que quiserem, estamos perante descoordenação e insensibilidade”, conclui.