A enfermeira Amélia e o seu lamentável profissionalismo
Na passada noite de dia 10 para dia 11 de setembro, necessitei de recorrer ao serviço de urgências do Hospital Central do Funchal (Dr. Nélio Mendonça).
Após o atendimento médico, fiquei a aguardar o resultado de exames que havia realizado, numa zona de corredor, anexa à sala de tratamentos da urgência.
Nessa zona de espera (corredor), haviam também outros utentes, cerca de 10 sentados em cadeiras e outros 3 ou 4 deitados, em macas.
Já decorriam as primeiras horas da madrugada do dia 11 de setembro, quando a situação que denuncio se passou.
Era uma noite que me parecia ser normal, de um cá e lá do pessoal ao serviço, para cumprir a nobre e distinta função, no âmbito da prestação de cuidados de saúde.
Nesse mesmo corredor de zona de espera, do nada, surge a voz estridente de uma enfermeira de nome Amélia, que retirando o silêncio devido aos utentes e ao próprio serviço, gritava muito alto e em bom som para um dos utentes deitado numa das macas “já lhe disse para se chegar para dentro, se endireitar, esticar as pernas (...) e se virar de barriga para cima”.
E continuava, em alta voz com ultimatos “... eu não vou rebentar as minhas contas consigo ..., se não se voltar já de imediato, eu ...”, (...) “vou contar até 3 ... para que se vire de barriga para o ar ”.
Estas frases gritou, não só junto à maca do utente, mas enquanto se deslocava desde esta, até ao fim do corredor (provavelmente noutro assunto).
Perante tal alarido da enfermeira Amélia, um outro enfermeiro que passava no corredor prontificou-se a ajudar na tarefa, ao que a enfermeira Amélia respondeu “não te preocupes. Eu trato sozinha disto.”
O utente para quem ela gritava, era um utente, que por observação direta se percebia estar frágil, era muito magro, com pouca massa corporal e usava fralda. Conseguíamos observar tudo isto porque, o senhor, embora tivesse lençol e bata, havia se destapado por completo.
Na volta dessa ida ao fim do corredor, a enfermeira Amélia, passou novamente pela maca do referido utente, a quem se havia dirigido anteriormente a gritar.
O utente não havia se virado (“...de barriga para cima”), nem esticado as pernas, nem se endireitado, como ordenara a enfermeira Amélia, porque muito provavelmente nem lucidez, nem capacidade física tivesse para fazê-lo sem ajuda, nesse momento.
Ainda mais irritada nesta passagem do que na anterior, já que os seus gritos não haviam valido de nada, a enfermeira Amélia, aproximou-se da maca do utente e gritou novamente: “Não ouviu ainda o que eu lhe disse? ” (...) “Eu já vou tratar disso”.
Julguei, pela frase, que a enfermeira Amélia iria chamar ajuda, para que pudessem virar e endireitar o senhor, com o devido cuidado e respeito.
Mas não! Sem que nenhum dos utentes presentes no corredor, pudesse prever nem esperar tamanha crueldade, malvadez, violência, falta de respeito e falta de profissionalismo, a enfermeira Amélia, colocou-se aos pés da maca, agarrou o senhor pelos tornozelos/pés (que estavam encolhidos junto com as pernas, quase em posição fetal) e puxou-os com uma força tal, que todo o corpo (magro e leve) do utente, levantou da cama e recuou de tal forma, que as pernas do utente, saíram pelo fundo da maca até à zona do joelho, na direção da enfermeira.
Fiquei, bem como os restantes utentes (do corredor) sem palavras, incrédulos perante tal aberração e mau trato, gratuito e sem justificação.
Foi muita sorte, no meio de tanta malvadeza e agressividade, a enfermeira Amélia não ter partido, deslocado ou lesionado nenhuma perna/pé/tornozelo ao senhor.
O homem apenas dizia “Ai!Ai!Ai!” E a enfermeira, continuava o seu “trabalho”, sem que nada a fizesse recuar.
Posto isto, ainda não satisfeita e sempre com a mesma atitude e agressividade, a enfermeira Amélia, colocou-se desta feita, pela lateral da maca e agarrando os 2 braços do utente, puxou-os com a mesma (ou maior tamanha e anterior força e violência, conseguindo com isso erguer o corpo do utente quase por completo da maca, para depois deixá-lo cair sem qualquer cuidado sobre a mesma. Todo este “trabalho” deixou por fim o utente, na posição que ela lhe havia gritado querer que ele estivesse – “deitado, direito, de pernas esticadas e de barriga para o ar”.
E novamente o senhor apenas dizia em tom alto, “Ai! Ai!Ai!”.
Feito isto, daí saiu toda satisfeita a enfermeira Amélia, com tamanha” bravura” e “destreza” ao serviço. E o senhor na maca ficou deitado, sem mais qualquer palavra dizer.
(Presumo que nem num centro de abate, é sujeita aos mesmos “preparos” a carne já morta dos animais, já que muito provavelmente ficaria, no mínimo, imprópria para consumo!)
Denuncio esta situação, por ser repudiante, desprezível e de completa falta de respeito humano.
Agravada pelo facto, de ter sido praticada no decurso de uma jornada de trabalho, por uma profissional ao serviço da saúde e que lamentavelmente, também nada dignifica a classe profissional, que a enfermeira Amélia representa e se insere.
Esperando que esta denúncia, de ora em diante, pelo menos desperte na enfermeira Amélia o dever de praticar a conduta, que lhe é profissionalmente exigida e que seguramente não se retrata nem se espelha, ao que na madrugada do dia 11 de setembro, eu e dezenas de utentes assistiram.
No lugar daquele utente, e sujeito à mesma “sorte” e aos “cuidados” da enfermeira Amélia, na fragilidade/doença poderíamos estar nós mesmos, um nosso familiar, um nosso amigo, um nosso conhecido.
Nada, nada mesmo justifica o que aconteceu. Nem cansaço, nem excesso de trabalho, nem o que quer que seja invocado.
Se a enfermeira Amélia, não tem nem está, com capacidade de desempenhar e cumprir o que profissional e deontologicamente se submete, e, apenas cumpre horas de trabalho, para usufruir salário ao fim do mês, coloque à disposição o seu lugar a quem por vocação, tem igual formação académica e anseia poder trabalhar e colocar ao serviço dos outros em prática os conhecimentos, zelando pela saúde e bem estar dos doentes, sem exceção.
E ainda, que sejam tomadas as devidas medidas por quem temo direito e competência, a tais comportamentos e condutas completamente impróprias, inaceitáveis, vergonhosas e “desviantes”, praticados pela enfermeira Amélia, em serviço.
Nesse dia e ainda hoje e para mim, esse senhor é um completo desconhecido. Não sei o seu nome, nem onde vive, se é rico ou se é pobre, analfabeto ou erudito, crente ou ateu. Mas isso não impede, nem de pouco nem de longe, a minha denúncia. Para mim apenas basta, que seja uma pessoa, um ser humano.
B. N.