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Votantes escolhem próximo Governo e querem "ver para crer"

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Foto Lusa

Ana Paula chegou hoje à escola Viana da Mota, na capital são-tomense, duas horas antes da abertura das urnas para as legislativas, autárquicas e regional. Sobre o próximo Governo, diz que vai fazer como São Tomé: "ver para crer".      

Acompanhada pelos pais, a mulher de 42 anos chegou à mesa de voto pelas 05:00 locais (mais uma hora em Lisboa), e ficou à espera do início da votação no pátio da escola, onde funciona o Instituto Superior de Educação e Comunicação da Universidade de São Tomé e Príncipe.

"Espero o que toda a gente quer: o melhor para o país, mas eu vou fazer como São Tomé, ver para crer", comentou Ana Paula.

Quinze minutos depois da hora prevista, às 07:00, os eleitores ainda não tinham começado a votar: os membros da assembleia de voto ainda contavam os boletins de voto -- na ilha de São Tomé, hoje vota-se para escolher os 55 deputados à Assembleia Nacional e os seis presidentes de câmaras (coincidentes com os seis distritos), enquanto no Príncipe, os eleitores votam nos deputados nacionais e para o governo da região autónoma.

Uma delegação da missão de observação eleitoral da embaixada norte-americana acompanhava os trabalhos.

Um magistrado aposentado também era um dos eleitores que esperava para votar na sala número 01 da Viana da Mota, com 558 votantes inscritos, e aguardava desde as 06:40 a sua vez.

Do próximo executivo, o homem, 71 anos, disse esperar "maior dedicação ao país e patriotismo", acrescentando: "É o que nos falta".  

Uma mulher de 34 anos chegou ao local de voto uma hora antes da abertura das mesas.

"Espero que as pessoas votem em consciência e que cada um faça o seu dever", afirmou, comentando que o próximo Governo deve "procurar a melhor solução para o país e que dê satisfações ao povo".

Na sala número um, o quadro branco ainda exibia a contagem dos votos da segunda volta das presidenciais de setembro.

Numa outra assembleia de voto na capital são-tomense, na escola Dona Maria de Jesus, as mesas também abriram com algum atraso.

Um delegado de um partido que vai estar na mesa de voto ao longo do dia chegou pelas 05:00 e, cerca das 07:30, aguardava a sua vez de votar, depois dos elementos da mesa.

No exterior da sala, Nelsy, 45 anos, chegou cedo para "ficar despachada para outros afazeres no resto do dia".

A eleitora afirmou esperar que o próximo Governo "seja melhor que este", liderado por Jorge Bom Jesus, do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), em coligação com PCD/UDD/MDFM.

"Como está, não dá para continuar", dizia, enquanto abanava a cabeça.

Na escola Dona Maria de Jesus, observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) seguiam o início da votação.

No exterior, cerca de 20 pessoas faziam fila para entrar numa das duas salas onde se vota nesta escola, num ambiente de grande animação, com piadas.

Nas salas, as cabines de voto estão colocadas de forma a que os membros da mesa possam ver os eleitores, uma forma de evitar fraudes ou que as pessoas fotografem o boletim, algo que acontecia antes como contrapartida para o fenómeno conhecido como "banho", a compra de votos.

Os cerca de 123 mil eleitores de São Tomé e Príncipe votam hoje nas eleições legislativas, autarquias e regional, com os votantes na diáspora a eleger, pela primeira vez, dois deputados pela Europa e África.

As urnas abriram às 07:00 e encerram às 17:00 locais (mais uma hora em Lisboa). Nas duas ilhas que compõem o país, haverá um total de 309 mesas de voto para os 123.301 eleitores. 

No total, 11 partidos e movimentos, incluindo uma coligação, concorrem hoje aos 55 lugares da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe.

Pela primeira vez, 14.692 cidadãos residentes em 10 países da Europa e África elegem um deputado por cada círculo. Os restantes 53 deputados são escolhidos pelos seis distritos da ilha de São Tomé e pela região do Príncipe.

Os eleitores são-tomenses têm igualmente de escolher os próximos presidentes das autarquias e o governo regional do Príncipe também vai a votos.