Terminada exumação em Izium com 447 cadáveres
As autoridades de Kiev terminaram a exumação de uma vala comum situada numa floresta perto da cidade ucraniana de Izium, na região de Kherson, ocupada pelos russos, tendo contabilizado 447 mortes, entre eles 215 mulheres e cinco crianças.
"O trabalho prolongou-se por uma semana, sem interrupções. Foram retirados os corpos de 447 pessoas. Deste total, 215 são de mulheres, 194 homens, cinco crianças e 22 militares. Além disso, os restos mortais de 11 pessoas 447 corpos dos mortos foram retirados das sepulturas. Destes, 215 são mulheres, 194 são homens, 5 são crianças e 22 são militares", indicou o chefe da Polícia Nacional da Ucrânia.
Segundo Igor Klymenko, foram também encontrados restos mortais de 11 pessoas cujo sexo está ainda por determinar.
A imprensa local adiantou que Klymenko deu conta de que muitos corpos desenterrados tinham sinais de tortura.
Os criminologistas da polícia e os médicos forenses enfrentam agora uma tarefa ainda mais complexa, que passa por identificar cada uma das vítimas mortais.
"As respetivas famílias devem enterrá-los como seres humanos", acrescentou o chede da Polícia Nacional ucraniana.
Segundo o governador da região de Kharkiv, Oleg Sinegoubov, citado na rede social Telegram, a maioria dos corpos apresenta sinais de morte violenta e pelo menos 30 têm sinais de tortura".
"Há corpos com uma corda em torno do pescoço, com as mãos atadas, com os membros partidos ou ferimentos de bala. Muitos homens tinham os órgãos genitais amputados", prosseguiu Sinegoubov, ao referir-se à prova das "terríveis torturas" que foram infligidas à população.
Várias centenas de tumbas assinaladas com uma cruz e uma vala comum foram detetadas em meados de setembro perto da cidade de Izium, que esteve sob ocupação russa durante vários meses antes de ser retomada pelas forças ucranianas.
A polícia ucraniana também assegurou ter descoberto "salas de tortura" na região, incluindo em Izium.
As forças russas foram acusadas de numerosos abusos nos territórios sob o seu controlo na Ucrânia, em particular em Bucha, arredores de Kiev, onde foram descobertos cadáveres de civis após a sua retirada da zona no final de março.
Moscovo negou ter cometido estes crimes e considerou uma "mentira" a descoberta de corpos em Izium.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).