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Vencer a insularidade

Trata-se de uma escolha que não carece de justificações adicionais

Muito se tem falado sobre a falta de residências para estudantes do ensino superior, particularmente em Lisboa, Porto e Coimbra.

A falta de residências é tão gritante que o Governo Central decidiu lançar um concurso para suprir tal carência estrutural. Na semana passada, foi celebrado o primeiro contrato para a efetivação desse propósito. A Universidade da Madeira viu aprovados os projetos de reabilitação da sua única Residência, sita na Rua de Santa Maria, com capacidade de 208 camas, e do Edifício do ex-ISAD, situado na rua da Carreira. O financiamento obtido para estes projetos é de cerca de 2,9 milhões de euros (sem IVA). Esperamos a formalização da decisão relativa à construção da nova residência na Quinta de S. Roque, com capacidade para 200 camas.

O problema da falta de residências universitárias vem associado à questão que encima este artigo. Uma ordem de razões é a resolução de um problema que é transversal a todo o País, outra bem diferente, mas com ela confiante, é o êxodo de estudantes da periferia para as grandes cidades.

Cabe aqui referir que temos assistido, em vários fóruns e na voz de líderes das chamadas periferias, tanto interna como externamente, ao apelo para combater aquele êxodo. Também se assiste, em simultâneo, ao incentivo para que os estudantes saiam, na esperança (muitas vezes, vã!) de que regressem, uma vez concluída a sua formação. Boa é a intenção, mas nem sempre realizável pelos motivos e razões que todos conhecemos.

Insere-se, nesse contexto, o drama atual dos estudantes madeirenses e suas famílias com o alojamento e com os preços exorbitantes que são praticados. Trata-se de um cenário que põe em causa o bem-estar que os estudantes merecem para poderem ter uma vida estudantil digna e conducente ao seu sucesso académico.

Precisamente neste quadro de dificuldades e considerando que se está a concluir o prazo de candidaturas à 2ª fase do Concurso Nacional de Acesso (à qual se juntará a possibilidade de uma 3ª fase), julgo ser o momento de repensar algumas escolhas e apelar aos estudantes, que preenchem os requisitos e se encontram em condições de concorrer, que o façam para as vagas sobrantes da Universidade da Madeira.

Trata-se de uma escolha que não carece de justificações adicionais. E se necessário for, direi apenas que a Universidade da Madeira garante a qualidade dos seus cursos e da sua investigação científica, proporciona um excelente ambiente académico, com fatores de proximidade, muito úteis para o seu progresso académico.

A Universidade da Madeira tem, deste modo e por maioria de razão, a responsabilidade de contribuir para a atração e retenção de talento, que é hoje um dos bens essenciais para o desenvolvimento da nossa Região.