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Portugal Film Commission tem "gigantesco potencial", mas mercado tem fragilidades

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A diretora executiva da Portugal Film Commission (PFC), Sandra Neves, afirmou hoje, numa conferência em Lisboa, que a PFC tem um "gigantesco potencial", mas foram apontadas fragilidades na promoção do país enquanto destino para filmagens.

Uma conferência sobre a relação do Turismo com Cinema e sobre promoção de destinos turísticos no audiovisual, na Universidade Lusófona, em Lisboa, juntou responsáveis de várias 'film commissions' regionais, do Turismo de Portugal e da Portugal Film Commission.

No debate, Sandra Neves manifestou a convicção de que a estrutura de missão da Portugal Film Commission -- que termina a 31 de dezembro -- terá continuidade em 2023, mas desconhece em que termos, quando e como irá funcionar.

"Até 31 de dezembro está operacional. (...) O meu lema é fazer tudo o que pudermos enquanto cá estivermos", disse.

A estrutura de missão da Portugal Film Commission foi criada em 2019 para "promover sinergias entre as indústrias criativas e o turismo e dar visibilidade a Portugal como destino internacional de produção de filmagens" e desde 2018 existe o Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema (FATC), com um sistema de incentivos à produção de cinema e audiovisual e à captação de filmagens internacionais para Portugal.

De acordo com o ministério da Cultura, este fundo apoiou já mais de 130 projetos com cerca de 46 milhões de euros, "correspondendo a um investimento global em Portugal de 171 milhões de euros".

A dotação do fundo prevista para este ano esgotou em maio, deixando de foram 31 projetos de cinema e audiovisual que também tinham apresentado candidatura.

Em agosto, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou que as tutelas da Cultura, Economia e Finanças estavam a trabalhar numa solução para reforçar o fundo e garantir financiamento aos projetos que ficaram em lista de espera.

Sandra Neves afirmou hoje que o mecanismo de incentivos daquele fundo "está a ser vítima do seu próprio sucesso", mas há outros desafios que o setor enfrenta na ligação entre turismo, cinema e audiovisual.

Na conferência estiveram responsáveis da Alentejo & Ribatejo Film Commission, da Centro de Portugal Film Commission e Arrábida Film Commission, e todos eles sublinharam o potencial do país naquela relação entre promoção turística e produção cinematográfica, mas alertaram que há um caminho que ainda precisa de ser feito.

"O país precisa de fazer muita coisa", afirmou Francisco Dias, vice-presidente da comissão da região centro: Uniformizar o sistema de licenciamentos atribuídos pelas autarquias para as produções cinematográficas, melhorar a capacidade de representação do país nos mercados internacionais, produzir investigação académica sobre turismo e cinema.

"Vamos todos promover Portugal [em parceria]. Se não, estamos a gastar dinheiro para deitar fora", lamentou Carlos Sargedas, da Arrábida Film Commission.

João Antero, da Alentejo & Ribatejo Film Commission, defendeu que as autarquias têm de estar sensibilizadas para o "turismo cinematográfico", para que as localidades tenham retorno depois de acolherem produções internacionais, como a aldeia de Monsanto, um dos cenários da série televisiva "House of the dragon", prequela da saga "Guerra dos Tronos".

Sandra Neves revelou que a PFC começou a fazer um levantamento da sensibilidade dos municípios para o tema, sobre pedidos de autorizações para rodagens, licenciamentos, aplicação de taxas.

"Conseguimos 250 respostas, mas temos muitos a dizer-nos 'não temos, não sei'. (...) É um caminho complexo e longo, são entidades em fases muito diferentes", disse.