Três mortos em protestos pela morte de mulher detida no Irão
Três pessoas morreram durante os protestos que eclodiram no Irão após a morte de uma mulher curda, detida pela polícia de moralidade do país, informou hoje o Governador da província do Curdistão.
Trata-se da primeira confirmação de vítimas mortais ao fim de três dias de protestos que se espalharam por todo o país, após a morte da mulher, que já provocou também uma onda global de críticas ao país.
Masha Amini, de 22 anos, foi detida pela polícia de moralidade do Irão em 13 de setembro e morreu três dias depois, após desmaiar na esquadra e sob custódia policial.
A polícia iraniana nega ter maltratado a mulher e diz que Amini morreu de ataque cardíaco, mas as autoridades estão a investigar o incidente.
O gabinete de direitos humanos da ONU pediu uma investigação e os Estados Unidos, que estão a tentar reativar o acordo nuclear de 2015 com o Irão, pediram à República Islâmica para que cesse a sua "perseguição sistémica" às mulheres.
A Itália também já condenou o incidente, mas o Irão rejeita as críticas que considera serem motivadas politicamente.
A ONU afirma que a polícia de moralidade do Irão expandiu o seu patrulhamento nos últimos meses, tendo como alvo mulheres por não usarem adequadamente o lenço islâmico, o hijab.
Segundo o gabinete dos direitos humanos, vídeos verificados mostram mulheres a serem esbofeteadas no rosto, agredidas com cassetetes e atiradas para o interior de carrinhas da polícia por usarem o hijab demasiado largo.
A polícia iraniana divulgou imagens de videovigilância que mostram, supostamente, o momento em que Amini desmaiou, mas a família da vítima garante que a mulher não tinha qualquer historial de problemas cardíacos.
Amini, que era curda, foi sepultada no sábado na sua cidade natal de Saquez, no oeste do Irão, onde eclodiram os protestos que, entretanto, espalharam-se para Teerão e várias outras cidades do país.
Um site de notícias ligado à televisão estatal informou que 22 pessoas foram detidas num protesto em Rasht, no norte do país, naquela que é a primeira confirmação oficial de detenções após o início dos protestos.
A emissora estatal atribui a agitação a países estrangeiros e a grupos de oposição exilados, acusando-os de usar a morte de Amini como pretexto para o agravamento de sanções económicas.
O Irão tem vivido várias ondas de protestos ao longo dos últimos anos, normalmente reprimidas pela força, motivadas principalmente pela longa crise económica, agravada pelas sanções ocidentais devido ao seu programa nuclear.