“Quando o fogo chegar ao rabo não culpem a palha”
A ideia de que todas as mudanças são boas não é, seguramente, verdadeira. Quantas vezes se muda e nem sempre para melhor...
Com alguma frequência emito publicamente a minha opinião, que só a mim vincula, sobre qualquer facto da actualidade ou algum acontecimento/eventualidade do local e comunidade a que pertenço.
Quando o faço assumo cada palavra, para o bem e para o mal, sujeitando-me também à opinião de terceiros.
Procuro sempre a coerência do que escrevo com as atitudes que pratica. Respeito e aceito qualquer opinião que difira da que expresso. Interessa-me, fundamentalmente, estar de bem com a minha consciência, pois é nela que estão os requisitos necessários para não me abalar com julgamentos injustos e inúteis. Prezo, acima de tudo uma relação de proximidade máxima com a verdade, mesmo sabendo que não há verdades absolutas.
Não sou como as pessoas intrépidas, cheias de prosápia que proclamam a sua "valentia" e indiferença perante situações complicadas, encolhendo os ombros e passando ao largo.
Porque ninguém gosta de ser analisado pelo que prega mas não executa e, aceitar ser corrigido ou questionado, deve ser das coisas mais difíceis de engolir. Não, não consigo ficar indiferente. Não, ainda.
Parece que se entrou num estado de anestesia e se perdeu a vigilância crítica mas, felizmente, nem todos estamos adormecidos. Acho que a inteligência, de certa forma, se deixou subjugar pelo sistema de propaganda. As palavras servem o momento, o caso, a desculpa, a justificação de atitudes pouco claras. E lá vamos nós, "cantando e rindo", servis, incapazes do grito de alerta que "o rei vai nu".
Ávido de diversão de que esteve privado durante dois anos, o "povo" teve um Verão em apoteose (segundo rezam as escrituras) com um manancial de festas e eventos para todos os gostos e feitios. Alienou-se completamente da realidade.
Concomitantemente, a inflação continua a tirar poder de compra aos rendimentos familiares. Sobra cada vez mais mês depois dos salários e das pensões, mas isso não é relevante. Nós continuaremos obedientes, mais pobres, menos sábios talvez, mas encantados com a propaganda...
A forma pouco ética com que alguns estão na política é sintomática de alguma vulnerabilidade de carácter. Possuidores de prodigiosos cérebros de mediocridade intelectual não olham a meios para atingir os fins. Mentir deliberadamente para justificar o injustificável não é digno de quem diz estar na política com verdade e transparência.
São inúteis alguns golpes de teatro e de demagogia, porque
"Onde há fumo há fogo". E, o "fogo amigo" é mais perigoso do que o do inimigo.
Madalena Castro