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Bruxelas acusa Moscovo de usar "falsos pretextos" para cortar gás

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A Comissão Europeia (CE) acusou hoje a Rússia de "cinismo" e utilização de "falsos pretextos" para justificar a suspensão total do fluxo de gás através do gasoduto Nord Stream, vital para os fornecimentos à Europa.

"O anúncio da Gazprom esta tarde de que encerrará novamente o Nord Stream 1 sob pretextos falsos é mais uma confirmação da sua falta de confiabilidade como fornecedor", referiu o porta-voz da CE, Eric Mamer, através da rede social Twitter.

"Também é uma evidência do cinismo da Rússia, que prefere queimar gás a cumprir contratos", acrescentou.

O grupo russo Gazprom anunciou hoje que o gasoduto Nord Stream vai parar "completamente" para reparação de uma turbina, após ter estado inativo durante três dias para manutenção.

Em comunicado, a Gazprom indicou ter descoberto "fugas de óleo" na turbina durante esta operação de manutenção e indicou que até à sua reparação o fornecimento de gás estará "completamente suspenso".

A Rússia devia retomar no sábado o fornecimento de gás através do gasoduto, após uma interrupção de três dias.

Hoje, o Kremlin tinha indicado que o funcionamento do gasoduto está "ameaçado" pela escassez de peças para reposição devido às sanções impostas a Moscovo depois do início da ofensiva russa na Ucrânia.

A Gazprom tem reduzido o gás fornecido via Nord Stream nos últimos meses e em julho já tinha feito trabalhos de manutenção durante 10 dias, tendo depois retomado as entregas com um nível mais limitado.

No contexto de guerra na Ucrânia, a energia tem estado no centro de um braço-de-ferro entre Moscovo e os países ocidentais, que acusam a Rússia de utilizar o gás "como uma arma".

Esta semana, o presidente da Gazprom, Alexei Miller, referiu que a reparação das turbinas Nord Stream numa fábrica especializada era agora impossível devido às sanções ocidentais.

Antes, Moscovo já tinha defendido que, devido às sanções ocidentais, o equipamento técnico do gasoduto não pode ser renovado e as turbinas que foram reparadas não podem ser devolvidas à Rússia sem garantias de que não estão sob o regime das sanções.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 191.º dia, 5.663 civis mortos e 8.055 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.