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Biden alerta para ameaças à democracia dos EUA pelo "extremismo" de Trump

Foto Stefani Reynolds/AFP
Foto Stefani Reynolds/AFP

O Presidente norte-americano alertou esta noite que os valores democráticos dos Estados Unidos estão a ser atacados por forças extremistas leais ao seu antecessor, Donald Trump, num discurso televisionado em horário nobre a partir de Filadélfia.

Com criticas explicitamente dirigidas ao movimento "MAGA", o icónico 'slogan' de campanha de Donald Trump 'Make America Great Again' [Tornar a América Grande de Novo], Joe Biden criticou o fanatismo "cego" de alguns seguidores do antigo chefe de Estado, a quem classificou de "ameaça" aos Estados Unidos.

"Muito do que está a acontecer no nosso país hoje não é normal. Donald Trump e os republicanos do MAGA representam um extremismo que ameaça os próprios fundamentos da nossa República", disse Biden, a partir do Independence Hall, em Filadélfia (estado da Pensilvânia), local que foi palco de algumas das mais importantes decisões da história do país, como a adoção da Declaração de Independência e da Constituição norte-americanas.

Num discurso de cerca de 25 minutos, em que elevou o tom de voz em alguns momentos, Biden sublinhou que "a igualdade e a democracia estão sob ataque" nos Estados Unidos.

"Não há dúvida de que o Partido Republicano hoje é dominado, dirigido, intimidado por Donald Trump e os republicanos do MAGA. E isso é uma ameaça para este país. (...) Os republicanos do MAGA fizeram a sua escolha. Eles abraçam a raiva. Eles prosperam no caos. Eles vivem não à luz da verdade, mas à sombra da mentira. Juntos, podemos escolher um caminho diferente", acrescentou o democrata, reforçando acreditar que a maioria dos eleitores republicanos não seja extremistas.

O chefe de Estado norte-americano afirmou que "não há lugar para violência política" e frisou que o país não pode deixar que a violência seja banalizada.

Biden não deixou de fora o ataque ao Capitólio, levado a cabo em 06 de janeiro de 2021 por apoiantes de Trump - que deverá concorrer à reeleição em 2024 - , afirmando que os "extremistas" tentaram de tudo "para anular os votos de 81 milhões de pessoas" e que foi um prelúdio de uma futura interferência eleitoral.

"Eles [republicanos do MAGA] olham para a multidão que invadiu o Capitólio dos Estados Unidos, atacando brutalmente as forças da lei, não como insurretos que colocaram um punhal na garganta de nossa democracia, mas como patriotas", disse.

Biden deixou claro que acredita que a violência política e a negação das eleições adotadas pelo ex-Presidente e seus aliados prejudicaram a reputação dos EUA no exterior.

Num discurso frequentemente interrompido por aplausos e que acontece a poucos meses das eleições intercalares, marcadas para novembro, o Presidente assegurou que não ficará "parado a assistir a eleições roubadas por pessoas que simplesmente se recusam a aceitar que perderam".

O líder democrata instou então os norte-americanos a irem às urnas em novembro e a rejeitarem os candidatos republicanos que aderiram ao tipo de política de Trump.

"Por muito tempo, asseguramo-nos de que a democracia americana está garantida. Mas não está. Temos que defendê-la. (...) Todos e cada um de nós", apelou.

Apesar dos ataques e criticas ao extremismo republicano, o democrata tentou passar uma sensação de esperança, frisando que "nunca esteve tão otimista em relação ao futuro" do seu país.

Na semana passada, Biden já havia entrado totalmente em campanha para as eleições intercalares de novembro com um discurso em Maryland, quando classificou o movimento MAGA de "semi-fascista" e, na terça-feira, num outro comício inflamado no estado da Pensilvânia.

Nessas recentes declarações, Biden tentou retratar os próximos sufrágios como uma oportunidade para aqueles que defendem a democracia de se imporem contra os que apoiaram o ataque ao Capitólio.

Logo após o discurso desta quinta-feira, vários políticos republicanos recorreram às redes sociais para criticar as duras palavras do Presidente, acusando-o de tentar dividir o país e de tentar tornar num vilão "qualquer norte-americano que não concorde com sua a agenda radical de extrema-esquerda", como foi o caso do deputado Pat Fallon, do Texas.

"Com todo o respeito, Sr. Presidente, não há nada de errado com a alma da América", escreveu, por sua vez, o senador republicano Lindsey Graham no Twitter. "O povo americano está a sofrer por causa das suas políticas. Inflação desenfreada. Crime fora de controlo. Terrorismo em ascensão. Fronteiras quebradas. Pare de dar sermões e mude as suas políticas antes que seja tarde demais", acrescentou o fiel apoiante de Trump.

De acordo com uma sondagem publicada na quinta-feira pelo Wall Street Journal, se as eleições de meio de mandato fossem hoje, 47% dos eleitores votariam nos democratas e 44% nos republicanos.

Além disso, Joe Biden segue à frente de Donald Trump nas intenções de voto perante um hipotético confronto nas eleições presidenciais de 2024, com uma vantagem de seis pontos.

A popularidade de Biden cresceu nas últimas semanas, em parte devido aos sucessos legislativos do atual Presidente democrata, e a sondagem divulgada pelo jornal revela que 50% dos eleitores tencionam votar nele nas próximas presidenciais.