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Jair Bolsonaro e Lula da Silva em campanha por terrenos hostis

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O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez neste sábado campanha na terra natal do seu principal rival, Luiz Inácio Lula da Silva, reforçando os valores conservadores, a menos de 20 dias das eleições.

Lula da Silva, favorito nas eleições de Outubro, regressou nas últimas horas à cidade onde passou 580 dias detido.

Quando se aproxima a data das eleições os dois principais candidatos centraram as agendas em regiões onde enfrentam mais resistência por parte dos eleitores: Jair Bolsonaro no nordeste e Lula da Silva no sul.

Jair Bolsonaro fez campanha em Garanhuns, uma cidade de 140.000 habitantes no estado de Pernambuco, onde liderou uma marcha de evangélicos, uma das suas principais bases eleitorais para as eleições de 2 de Outubro.

Jair Bolsonaro ergueu novamente as suas principais bandeiras ("Deus, pátria, família e liberdade") e reforçou os seus valores conservadores.

"Dizem que o Estado é laico, mas o Presidente da República acredita em Deus, defende a família brasileira, defende a vida desde a sua conceção", salientou Bolsonaro, sem mencionar o nome de Lula da Silva no seu discurso.

O líder da extrema-direita brasileira tenta assim ganhar votos no nordeste, um importante feudo de esquerda, onde o antigo sindicalista Lula da Silva lidera com cerca de 60% das intenções de voto, em comparação com os 22% de Jair Bolsonaro.

Antes da campanha, o Presidente aumentou os apoios sociais, tendo sido necessário aprovar uma emenda constitucional já que a lei eleitoral impede a concessão de novos benefícios sociais em anos de eleições.

A medida trouxe ao Presidente uma tímida melhoria nas intenções de voto junto da população com rendimento de até dois salários mínimos.

Lula da Silva esteve neste sábado num reduto do 'bolsonarismo' e discursou em Curitiba, a capital do estado do Paraná.

Foi aí que o ex-presidente passou 580 dias preso na sede da Polícia Federal por uma série de condenações por corrupção que o impediram de se candidatar nas eleições de 2018, que Jair Bolsonaro venceu.

A anulação dos julgamentos permitiu a Lula da Silva ser candidato nas eleições deste ano.

O ex-presidente agradeceu à cidade onde passou um ano e sete meses na prisão e recordou que foi lá, enquanto ainda estava preso, que conheceu a sua terceira mulher, a socióloga Rosangela "Jana" Lula Silva, com quem casou em maio passado.

"Algumas pessoas pensam que eu odeio Curitiba porque estive preso aqui. A prisão fez-me amar Curitiba, porque foi aqui que conheci Janja e decidimos casar. Tenho muito carinho pelos homens e mulheres desta cidade, deste estado, que passaram 580 dias a pedir a minha liberdade", disse.

A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 2 de Outubro e a segunda volta, caso seja necessária, no dia 30.

Actualmente 10 candidatos disputam as presidenciais brasileiras: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D'Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.