O povo catalão fala
O 11 de Setembro é a “Diada de Catalunya”, o dia que comemora o fim da Guerra da Sucessão, que teve lugar em 1714. A queda de Barcelona veio depois de um longo ano de cerco. A cidade e a população civil sofreram as consequências de um ataque feroz. Ao visitar os vestígios arqueológicos no distrito de Ribera, pode ter uma ideia do que essa perda e a subsequente repressão sofrida pelo povo de Barcelona devem ter significado. Mais de trezentos anos depois, o sentimento de falta de liberdade ainda está presente. Isto é evidenciado pelas centenas de milhares de pessoas que, ano após ano, se manifestam a favor da independência da Catalunha.
Um território cujos direitos foram cerceados. Uma língua, neste caso o catalão, não deve ser subvalorizada, nem a identidade de um povo. Nenhum Estado deveria ser autorizado a esmagar o desejo de liberdade de um povo de uma forma tão dramática. É por isso que muitas vozes se erguem em direcção à Europa apelando ao mesmo entendimento que têm demonstrado em relação a outras nações. Enquanto a Escócia se prepara para um novo referendo sobre autodeterminação, os catalães continuam a ver negado este direito e são punidos e criminalizados por o quererem e por o quererem pôr em prática. A União Europeia perdeu credibilidade, em termos dos seus valores democráticos, a partir do momento em que olhou para o lado, quando o Estado espanhol ordenou à sua polícia que atacasse um povo por ir às urnas para votar no referendo de autodeterminação catalão de 2017 e prendeu políticos, activistas sociais e manifestantes.
A “Diada de Catalunya” é mais do que um acontecimento festivo, mais do que uma reivindicação, muito mais do que um memorial: é o grito de um povo que quer libertar-se das correntes da repressão.
Lola Salmerón