UE condena "atrocidades" e "comportamento desumano" de soldados russos em Izium
O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, reconheceu a comoção do bloco comunitário com a descoberta de valas comuns em Izium e condenou as "atrocidades" e o "comportamento desumano" dos militares russos.
"A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia deixou um rasto de sangue e destruição na Ucrânia", lamentou Borrell num comunicado em que condenou também que "milhares de civis já tenham sido assassinados, muitos outros torturados, perseguidos, sexualmente agredidos, sequestrados ou deslocados à força".
Com este comportamento, que "deve cessar de imediato" -- sublinhou o representante máximo da diplomacia da UE -, os militares russos demonstram um "total desprezo" pelo direito internacional humanitário e pelas Convenções de Genebra.
Por fim, Borrell advertiu de que tanto os líderes políticos como os restantes envolvidos nas atrocidades e violações do direito internacional na Ucrânia "prestarão contas".
"A UE apoia todos os esforços nesse sentido", insistiu.
O Governo da Ucrânia indicou hoje que os seus militares encontraram mais de 440 cadáveres após recuperarem o controlo da localidade de Izium, situada na região de Kharkiv e controlada até à semana passada pelas tropas russas.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha alertado para a descoberta de várias valas comuns e comparou o caso de Izium com os das cidades de Bucha e Mariupol, acusando a Rússia de "deixar morte por todo lado".
Por seu lado, o governador de Kharkiv, Oleg Sinegubov, assegurou que 99% dos cadáveres exumados exibem sinais de morte violenta, o que comprova, na sua opinião, o "genocídio" que está a ser cometido contra a população ucraniana.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 205.º dia, 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.