Putin recusa alterar estratégia apesar da contra-ofensiva de Kiev
O Presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou hoje a possibilidade de uma mudança de estratégia no campo de batalha na Ucrânia, apesar dos sucessos da contra-ofensiva ucraniana na região de Kharkiv.
"O plano de operação militar especial não requer mudanças", disse Putin durante uma conferência de imprensa após a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, em Samarcanda, Uzbequistão.
Após a retirada das tropas russas de Kharkiv há uma semana, Putin defendeu que o Estado-Maior do Exército russo está a tomar decisões operacionais com base no que é importante e lembrou que o "objetivo principal é a libertação de todo o território de Donbass", lembrando que isso mesmo está a acontece, "apesar das tentativas de contra-ofensiva" da Ucrânia.
"A nossa operação ofensiva no Donbass não terminou. Continua a ritmo lento (...), o Exército russo ocupa novos territórios", explicou Putin, lembrando que a Rússia não está no terreno "com todo o Exército", mas "apenas com uma parte".
"Não estamos com pressa", disse o líder russo.
A retirada russa de Kharkiv desencadeou críticas ao progresso da campanha militar russa e, pela primeira vez, alguns políticos e funcionários russo chegaram a falar da possibilidade de uma derrota militar.
O líder do Partido Comunista russo, Guennadi Ziuganov, assegurou no Parlamento, em Moscovo, que o país já está "em guerra", não só com a Ucrânia, mas com os países da NATO, para os quais pediu medidas políticas, económicas e militares extraordinárias.
Vários funcionários e líderes regionais, como o líder checheno Ramzán Kadírov, reconheceram os erros cometidos pelos generais e defenderam a mobilização geral, opção que o Kremlin rejeitou esta semana.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.