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Primeira-ministra britânica aproveita funeral para encontros bilaterais com líderes

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Foto Adem Altan / AFP

A primeira-ministra britânica, Liz Truss, irá encontrar-se em privado durante o fim-de-semana com líderes como o Presidente dos EUA, Joe Biden, e os homólogos australianos, canadiano e irlandês, antes do funeral de Isabel II na segunda-feira, confirmou hoje um porta-voz.

No sábado, Truss irá receber os primeiros-ministros da Austrália, Anthony Albanese, e da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, na residência de campo do governo em Chevening, no sudeste de Londres. 

Estes dois países, juntamente com o Canadá, têm o monarca britânico como chefe de Estado. 

No domingo, Truss irá encontrar-se em Downing Street com o primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, o canadiano, Justin Trudeau, o presidente polaco Andrzej Duda, e ainda com o presidente norte-americano, Joe Biden.

O gabinete da chefe de governo britânica não excluiu a realização de mais encontros durante o fim-de-semana, mostrando que o funeral da Rainha em Londres vai resultar numa das maiores concentrações de líderes internacionais nas últimas décadas. 

Este é o primeiro funeral de Estado no Reino Unido desde a morte do antigo primeiro-ministro Winston Churchill, em 1965. 

Embora o governo britânico tenha evitado confirmar questões operacionais, adiantou que deverão viajar cerca de 500 dignatários de todo o mundo, muitos dos quais serão recebidos pelo Rei Carlos III no Palácio de Buckingham, no domingo.

A presença em Londres do Imperador Naruhito do Japão, acompanhado pela Imperatriz Masako, é provavelmente a mais significativa, pois será a primeira viagem ao estrangeiro desde que acedeu ao trono em 2019. 

Tradicionalmente, um imperador japonês não assiste a funerais devido a uma crença cultural baseada na religião xintoísta de que a morte é impura, porém as famílias reais japonesa e britânica mantêm laços estreitos há três gerações e Naruhito encontrou-se com a rainha várias vezes em visitas de Estado e enquanto estudou em Oxford nos anos 1980.

Das casas reais europeias, esperam-se também o Rei Willem-Alexander dos Países Baixos, juntamente com a Rainha Maxima e a Princesa Beatrix, o Rei Philippe da Bélgica, o Rei Harald V da Noruega, o Príncipe Alberto II do Mónaco e a Rainha Margrethe da Dinamarca, prima distante da Rainha Isabel II e agora única rainha reinante da Europa. 

O rei espanhol Felipe VI e a esposa Letizia aceitaram o convite de Londres, estendido aos reis eméritos de Espanha Juan Carlos e Sofía, apesar de este ter abdicado em 2014 e agora viver no exílio nos Emirados Árabes Unidos.

Se pai e filho estiverem juntos, será o primeiro evento público com ambos presentes desde que Juan Carlos decidiu, há dois anos, estabelecer residência permanente em Abu Dhabi, na sequência de um escândalo financeiro.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e sua esposa Jill, encabeçam a lista de convidados diplomáticos e, segundo a imprensa britânica, terá o privilégio de viajar numa limusine até à Abadia de Westminster, enquanto os restantes convidados serão transportados por autocarro.

O presidente francês, Emmanuel Macron, o turco, Recep Tayyip Erdogan, e brasileiro Jair Bolsonaro, o italiano Sergio Mattarella, o alemão Frank-Walter Steinmeier, o israelita Isaac Herzog e o sul-coreano Yoon Suk-yeol são alguns dos chefes de Estado que anunciaram a presença. 

Marcelo Rebelo de Sousa estará no funeral a representar Portugal.

Apesar das tensões criadas pelo Brexit, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vão deslocar-se a Londres, bem como o primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin.

Também deverão estar representados os 56 países da Commonwealth, alguns antigas colónias britânicas.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro do Bangladesh, Sheikh Hasina, o presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe e o Primeiro-Ministro das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama, são alguns dos confirmados.

Pelo contrário, Rússia e a Bielorrússia estão no pequeno grupo de nações que foram excluídas do funeral da Rainha, devido à invasão da Ucrânia por Moscovo.

Myanmar, uma antiga colónia britânica governada pelos militares, Síria, Afeganistão e Coreia do Norte foram igualmente excluídos devido às relações diplomáticas difíceis.

A China foi convidada e pretende fazer-se representada a alto nível, mas a imprensa britânica noticiou que a delegação foi proibida de entrar no edifício do parlamento britânico, onde o corpo da rainha se encontra em câmara ardente.