Medidas para o curto prazo não resolvem problemas das empresas
A Associação Business Roundtable Portugal (BRP) disse hoje que medidas de apoio que visam "apenas o curto prazo não resolvem o problema das empresas", ressalvando ainda que "continuam a discriminar as grandes" sociedades.
Em comunicado, a entidade adiantou que concordava com algumas iniciativas de apoio às empresas face à escalada do preço da energia, apresentadas na quinta-feira pelo executivo, considerando que é "fundamental manter os esforços em sede de consolidação e da sustentabilidade das contas públicas".
"Congratulamo-nos com a aposta na (re)qualificação de ativos e desempregados em áreas e competências verdes. É um reconhecimento do PRO_MOV, uma iniciativa conjunta com o IEFP e que conta já com 41 empresas e que visa a qualificação nesta área, mas também nas áreas do digital, saúde, 'business intelligence', excelência de vendas, logística e indústria, agricultura, com o objetivo de requalificar 20.000 portugueses até 2025", indicou, referindo ainda que, tal como o Governo, defende que "em Portugal, já existem vários mecanismos" que extraem lucros, como a "derrama estadual, contribuição extraordinária sobre energia, tarifas reguladas/sociais, entre outros".
Para a associação não faz sentido "tal imposto sem revisão dos existentes".
Por outro lado, a entidade criticou "medidas que visam apenas o curto prazo (sobretudo financiamento)" e que "não resolvem o problema das empresas (rentabilidade e transição energética)", apontando também "medidas que contemplem o gás para a indústria e sobretudo a mais intensiva e que não têm alternativa energética a curto prazo" e que disse serem "tão pequenas que não têm impacto".
Paralelamente, a associação considera que as "medidas continuam a discriminar as grandes empresas e assim a desencorajar e penalizar o crescimento e o sucesso das pequenas e médias empresas que o país precisa para se desenvolver, ser mais competitivo e pagar melhores salários", criticando ainda o recurso ao "Banco do Fomento para apoiar a tesouraria com empréstimos quando devia era apoiar a aceleração da transição energética".
A associação apontou também "falta de medidas que resolvam os estrangulamentos do licenciamento e autorizem as redes energéticas a fazer os investimentos necessários para acelerar fortemente o aumento do autoconsumo e das renováveis", defendendo que os "apoios devem ser apenas disponibilizados a empresas que sejam viáveis, evitando o desperdício de recursos com empresas inviáveis (também chamadas de "zombies") que prendem cerca de 20% dos recursos humanos e de capital do país".
Por fim, a BRP apelou a uma maior "transparência na comunicação à sociedade da forma como são utilizados os apoios extraordinários que estão a ser anunciados".
"A velocidade e a qualidade da execução é crítica e por isso desafiamos o Governo a ser muito rápido e exigente na aplicação dos apoios às empresas", referiu na mesma nota.
O Governo anunciou esta quinta-feira um pacote de mais de 1.400 milhões de euros de apoios às empresas.