Maduro diz que ameaças dos EUA perdem-se no desprezo e esquecimento
O Presidente venezuelano desvalorizou a advertência dos EUA de intensificar as sanções contra o seu Governo, caso não retome as negociações com a oposição, considerando que são ameaças que se perdem no desprezo e esquecimento.
"Darão pontapés de afogado, de última hora. O império norte-americano gritará ameaças, mas devem saber que as suas ameaças se perdem no fundo do mar, no desprezo e esquecimento, e a sua arrogância continua a ser uma triste fábula do que eles foram e nunca mais voltarão a ser, um império único e dominante", disse Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro falava no Poliedro de Caracas, durante a inauguração da Expo-feira Científica, Tecnológica e Industrial Irão -- Venezuela.
Segundo o Presidente da Venezuela, os EUA são uma potência que ameaça permanentemente com guerras e com sanções.
"(...) O império americano acabou por ser um tigre de papel, nada mais. Um tigre de papel que com vozes, com gritos, tenta ameaçar a nossa pátria, o nosso povo", disse Nicolás Maduro, sublinhando que num recente périplo pelo continente asiático pôde ver com os olhos "a existência de um novo mundo, um poder novo, que se acabou o mundo unipolar".
Nicolás Maduro sublinhou que "o tempo dos impérios dominantes do mundo unipolar acabou. Chegou a hora dos povos, da felicidade, da paz, da cooperação, do direito a existir e a desenvolver-se".
Maduro começou a sua conversa explicando que o século XXI é de integração de um mundo multipolar, pluricêntrico e que isso foi ratificado no encontro que tiveram quinta-feira os Presidentes da China, Xi Jinging, e da Rússia, Vladimir Putin.
"Existem vários centros de desenvolvimento. Vários polos de poder. E, quando falamos de vários polos de poder, falamos de um mundo onde o hegemonismo do mundo unipolar (...) de uma única potência imperial que governa, dirige e ameaça, que submete todos os povos e governos do planeta, chega ao fim", explicou.
Os Estados Unidos alertaram hoje o Governo de Nicolás Maduro que a paciência não é "infinita" e ameaçaram intensificar as sanções se o chefe de Estado venezuelano não retomar as negociações -- suspensas em 2021 -- com a oposição.
"Nicolás Maduro está a cometer um grave erro se pensa que a nossa paciência é infinita e que as táticas de atraso vão ajudá-lo", disse o "número dois" do Departamento de Estado da América Latina e Caraíbas, Brian Nichols, na comissão de Negócios Estrangeiros do Senado.
Nichols assegurou que os EUA estão a "promover ativamente" o regresso à mesa de negociações no México, que estão a coordenar com a oposição Plataforma Unitária da Venezuela e que reuniões informais, em Oslo e Caracas, com "avanços significativos".
Também que se não houver progressos, a Casa Branca vai continuar a trabalhar em coordenação com os seus parceiros "para garantir que o regime (venezuelano) não tenha acesso aos bens que estão congelados" e vai promover "investigações" pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) a violações de direitos humanos na Venezuela.
"A minha opinião é que [Maduro] cometeu crimes contra humanidade", disse o funcionário.
Explicou ainda que os EUA estão abertos a flexibilizar as sanções do Governo de Maduro se forem retomadas as negociações com a oposição no México, suspensas em outubro de 2021, devido à extradição de Alex Saab para território norte-americano.
Nichols assegurou que o Executivo de Biden "continua a reconhecer e apoiar" a presidência interina do líder da oposição, Juan Guaidó, na Venezuela, que os Estados Unidos reconhecem desde janeiro de 2019.
O vice-secretário criticou ainda que Maduro esteja a procurar "alianças políticas e económicas" com a Rússia, China e Irão, que, segundo o mesmo, "vão trazer poucos benefícios ao povo venezuelano e vão ameaçar a segurança regional".