O Paraíso que não chega
A formação de novas gerações é a forma mais assertiva de se qualificarem as gerações seguintes, combatendo desigualdades e assimetrias ancestrais nas sociedades.
Sabendo que a OCDE refere que as nações devem investir cerca de 20% dos seus orçamentos em educação e que Portugal não vai além dos 15%, facilmente concluímos que esta é uma matéria em que o nosso país se revela atrasado. Feito este ponto prévio, sabendo a dinâmica que a globalização nos impõe, importa perceber de que forma é gerida a Educação em Portugal.
Segundo o Partido Socialista, há sempre um conjunto de medidas que estão concretizadas, um paraíso anunciado. Todavia esquecem-se que há ainda jovens que não receberam os computadores prometidos aquando das aulas online de 2020, todos os anos há milhares de alunos que não têm os horários completos e que embora sejam, segundo eles, os defensores da escola pública e tendencialmente gratuita, nos territórios por si governados não houve a recuperação integral do tempo de serviço dos professores. Para a trupe socialista, o esforço de todos os professores nos tempos da troika, motivado pelo seu desgoverno entre 2005 e 2011, deve ser recompensado em apenas 2 anos, 9 meses e 18 dias. Contudo, na Madeira liderada pelo PSD, se encontrou uma fórmula de recuperar o tempo integral aos professores. De facto, não haja dúvidas que quem valoriza a educação e os seus protagonistas é o PS- ironia do autor.
Todavia, toda a minha narrativa poderia ser destruída se, nas matérias exclusivamente nacionais, o Estado assumisse as suas responsabilidades. Como estamos em mês de entrada no ensino superior, olhemos para o Plano Nacional de Alojamentos no Ensino Superior. Em 2019, o Governo do PS, anunciou que até 2030 teria mais 12 mil camas. A meta seria passar das 15000 camas existentes em 2019 para 27 mil camas em 2030. Em 2022, quantas camas existem? 15073. Em apenas 3 anos, o Governo da República conseguiu em todo o país apenas mais 73 camas. Desculpem-me a imodéstia, mas até eu a montar camas do IKEA conseguia arranjar mais umas camas em 3 anos.
A ironia utilizada no parágrafo anterior, não esconde a mágoa e a preocupação do que é ver uma geração ser sucessivamente confrontada com problemas estruturais. Em Portugal, desde 1995, não existe uma solução definitiva para nada. No Ensino Superior primeiro o problema eram as bolsas, depois o preço dos transportes, agora o alojamento daqueles que procuram os seus sonhos fora da sua terra. Já era tempo de nós, portugueses, percebermos que o paraíso prometido pelo PS nunca chega. Porque, segundo parece, o conceito de paraíso é uma coisa difusa entre o mito e a realidade que não se decreta, vive-se.