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Alemanha vai pagar mais 1,2 mil milhões de euros a vítimas do Holocausto

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Foto AFP

A Alemanha vai pagar mais 1,2 mil milhões de euros para prestação de cuidados ao domicílio e compensações a sobreviventes do Holocausto, anunciou hoje a organização que representa os judeus vítimas dos nazis na II Guerra Mundial.

O valor, que será pago em 2023 a sobreviventes a viver em qualquer parte do mundo, faz crescer o montante total que a Alemanha já pagou em indemnizações aos judeus para 80 mil milhões de euros.

O anúncio foi feito a propósito do 70º aniversário da assinatura do acordo de compensação que possibilitou aos sobreviventes do Holocausto receber uma medida de justiça -- os chamados Acordos de Luxemburgo.

Mais de 6 milhões de judeus europeus foram assassinados pelos nazis da Alemanha durante o Terceiro Reich.

"O extermínio de judeus europeus pelo regime nazi provocou um abismo horrível, não só entre os judeus de todo o mundo, mas na humanidade em geral", afirmou Gideon Taylor, presidente da Conferência de Nova Iorque para as Reivindicações Materiais Judaicas à Alemanha, também conhecida como Conferência de Reivindicações.

"Estes acordos estabeleceram as bases para compensações e restituições aos sobreviventes que perderam tudo e continuam servindo como base para as negociações em curso dos 280 mil sobreviventes do Holocausto que se estima viverem em todo o mundo", acrescentou Taylor.

O Governo alemão recebeu hoje centenas de convidados -- incluindo sobreviventes do Holocausto e membros da Conferência de Reivindicações -- numa cerimónia realizada no Museu Judaico de Berlim, para comemorar o 70º aniversário do acordo.

"Os acordos de Luxemburgo foram fundamentais e levaram a compensações financeiras no valor de mais de 80 mil milhões de euros, que a Alemanha pagou até ao final de 2021", adiantou o chanceler alemão, Olaf Scholz, também presente na cerimónia.

"Os pagamentos aos sobreviventes e o programa de assistência ao domicílio são muito próximos do nosso coração", acrescentou o chanceler.

Os Acordos de Luxemburgo, concluídos em 1952, criaram a base para todas as compensações subsequentes às perseguições nazis.

As negociações foram muito complicadas e levaram mesmo a violentos protestos em Israel, quando algumas pessoas argumentaram que aceitar pagamentos de reparação -- que consideravam 'dinheiro de sangue' -- era o equivalente a perdoar os nazis pelos seus crimes.

Ainda assim, foi a primeira vez na história que uma potência derrotada pagou indemnizações a civis por perdas e sofrimentos.

O valor hoje anunciado inclui 12 milhões de euros de para pagar ajuda humanitária de emergência a 8.500 sobreviventes ucranianos do Holocausto e 170 milhões de euros para um fundo especial de dificuldades que abrangerá cerca de 143.000 sobreviventes de todo o mundo.

À medida que o número de sobreviventes do Holocausto diminui, cresce a necessidade de ensinar as próximas gerações sobre as atrocidades cometidas durante o genocídio do povo judeu pelo que a Alemanha concordou, pela primeira vez, em financiar um programa de educação sobre o Holocausto -- com 10 milhões de euros atribuídos ainda este ano, 25 milhões de euros em 2023, 30 milhões de euros em 2024 e 35 milhões de euros em 2025.