É pena perdida
Nos meios pequenos pouco escapa do comportamento de cada um, sobretudo o que pode ser motivo de falatório, visto que os bons hábitos e as boas acções facilmente se desvanecem entre a espuma dos dias. Todos sabem de tudo e de todos, mesmo que tudo o que sabem do outro se resuma ao nome próprio. Tudo está sujeito à avaliação da cabeça de cada um e às respectivas e imprevisíveis consequências.
Tão depressa se coloca alguém num pedestal, como mais depressa ainda se aposta em derrubá-lo, de tal modo que há quem adormeça "bestial "e desperte "besta ".
Não é fácil escapar a julgamentos em praça pública, seja em nome individual ou colectivo. Quem é que ainda não foi testemunha disso? Acho que não será exagero afirmar que quase todos os dias situações similares acontecem com indesejável regularidade.
Já na esfera pública, para ultrapassar/abafar situações sensíveis, desagradáveis ou constrangedoras opta-se por mantê-las no silêncio (se a discussão ainda não saíu do adro),
um silêncio sonso que mais tarde ou mais cedo fará estalar o verniz. Quando a situação extravasa as paredes da "privacidade", porque escapou por uma fresta inoportuna, é uma pena perdida tentar revertê-la.
É assustador poder constatar como com um "estalar de dedos" se pode fazer desmoronar a vida pessoal e profissional de alguém, sem contemplações, com graves repercussões e danos irreversíveis em termos de saúde física e mental.
A nossa imagem verdadeira é a única coisa que se deve ter de melhor e mais belo para mostrar e não é lícito que, em circunstância alguma, por palavras ou por actos, seja quem for tenha a desfaçatez de a manchar.
Madalena Castro