Arménia anuncia que cessaram os confrontos na fronteira com o Azerbaijão
O Ministério da Defesa da Arménia divulgou hoje que as hostilidades "praticamente cessaram" na fronteira com o Azerbaijão, após quase dois dias de combates.
"A partir das 20:00, horário local [17:00 em Lisboa], o fogo praticamente cessou em todas as direções. Nenhum incidente notável foi registado", informou o porta-voz da Defesa arménia, Aram Torosian, através de uma publicação nas redes sociais.
A mesma fonte classificou como "mentiras absolutas", a informação avançada pelos 'media' da Arménia de que várias cidades do país estão sob controlo do Azerbaijão.
No entanto, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, destacou hoje que as forças do Azerbaijão ocuparam 10 quilómetros quadrados de território arménio durante confrontos que se desenrolam na fronteira entre Erevan e Baku desde terça-feira.
"O inimigo ocupou 40 quilómetros quadrados de território arménio, em maio, e agora mais 10 quilómetros quadrados" durante os confrontos em curso, referiu Pashinyan, durante a tarde, perante o Parlamento em Erevan.
Numa tentativa de evitar a eclosão de uma guerra no sul do Cáucaso, o enviado da União Europeia Toivo Klaar encontrou-se hoje com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, em Baku.
Com o mesmo objetivo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ligaram para Aliev, instando o governante a terminar com as hostilidades.
Enquanto a Arménia acusa o seu vizinho de atacá-lo nas primeiras horas de segunda para terça-feira, a Turquia, o principal aliado do Azerbaijão, acusou Erevan de iniciar as hostilidades.
Pashinián, que se reuniu há duas semanas com Alíev em Bruxelas para fazer avançar um tratado de paz, estimou em 105 as mortes sofridas pelo seu Exército nos confrontos com o Azerbaijão, que por sua vez estimou em 50 os mortos entre as suas fileiras.
Os confrontos, que eclodiram durante a madrugada de terça-feira, são os mais intensos desde a guerra de 2020, em que a Arménia saiu derrotada, num conflito que matou mais de 6.500 pessoas.
Os dois países estão em conflito há várias décadas por causa da região de Nagorno-Karabakh, que faz parte do Azerbaijão, mas que está sob controlo de forças de etnia arménia apoiadas por Erevan desde que uma guerra separatista terminou, em 1994.
O Azerbaijão recuperou grandes áreas de Nagorno-Karabakh e territórios adjacentes mantidos pelas forças arménias numa outra guerra, que decorreu durante seis semanas, em 2020, provocando então a morte de mais de 6.600 pessoas. Este novo episódio do confronto histórico entre os dois países acabaria após um acordo de paz mediado pela Rússia.