No seu discurso, no Parlamento Europeu, sobre o Estado da União, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou a necessidade de aumentar a independência energética face à Rússia e, simultaneamente, reforçar as políticas de apoio às famílias e empresas, nomeadamente através do estabelecimento de limites máximos para as receitas às empresas que produzem energia a baixo custo e que acabam por beneficiar do preço de referência do gás.

A Eurodeputada do PSD, Cláudia Monteiro de Aguiar, considera muito importante o reforço dos apoios às famílias e empresas, até porque muitos agregados familiares já denotam enormes dificuldades para fazer face aos preços da energia. “A subida dos preços da energia e uma inflação próxima dos 10% degradou, de forma abrupta, o poder de compra das pessoas, sobretudo em países em que este já não era elevado, como é o caso de Portugal”, disse.

“No discurso da Presidente da Comissão Europeia, achei crucial a constatação de que é preciso criar ou reforçar um ambiente empresarial facilitador, com captação de mão-de-obra e de talentos que supra as necessidades de muitos sectores da nossa economia, nomeadamente do Turismo, da Aviação e das Áreas Tecnológicas. Um ambiente facilitador passa por ter recursos-humanos competentes, em quantidade suficiente, mas também por resolver problemas muitas vezes pouco explorados, como os constantes atrasos nos pagamentos. Neste sentido, a revisão da Directiva Atrasos de Pagamentos é, em nosso entender, uma excelente notícia. Vejamos o caso do Estado Português, com os sucessivos atrasos nos pagamentos a fornecedores, nomeadamente no setor da saúde. Isto asfixia a tesouraria das empresas”, refere Cláudia Monteiro de Aguiar.

Eurodeputada que destaca, pela positiva, o investimento que a Comissão Europeia anunciou querer fazer na formação contínua, e pela proposta de declarar 2023 como o ano europeu da formação. “É fundamental definir políticas de formação e captação de recursos-humanos, nomeadamente através de imigrantes qualificados. Como bem referiu Ursula von der Leyen, o mercado de trabalho na União está atualmente muito próximo do pleno emprego, e muitos sectores enfrentam graves constrangimentos, seja por falta de trabalhadores, seja, também, no acesso a matérias-primas, pelo que a proposta do reforço dos acordos de parceria com países e blocos económicos confiáveis é muito importante”, referiu.

No entanto, Cláudia Monteiro de Aguiar lamenta que não se tenha ido mais longe no combate ao envelhecimento demográfico que se faz sentir na Europa. “Gostaria de ter ouvido propostas no sentido da criação de mais políticas para a Natalidade, no sentido de uma Estratégia Europeia Comum de Natalidade, com medidas de combate ao declínio demográfico da Europa. Este é um problema de fundo e cada vez mais vincado, pelo que é também tempo de a Comissão incentivar e apoiar os Estados-Membros a dedicarem esforços na sua resolução. A resiliência da União, a saúde das suas empresas e a competitividade da sua economia depende muito das respostas que dermos a este problema. É um caminho que temos de trilhar na Europa, mas que tem também de ser seguido em Portugal." 

Para a deputada madeirense, "o sucesso do Estado da União, com o enquadramento legislativo justo e diferenciado é também fundamental para o sucesso de regiões como a Madeira".