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Investigadores alertam para "impactos adversos" da mineração no mar dos Açores

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Foto DR

Cientistas marinhos afirmaram hoje que não aconselham a exploração mineral nos mares do arquipélago, por entenderem que a extração poderá provocar "impactos significativos adversos" no oceano profundo.

"Pelos dados científicos que temos, não é aconselhável a que se avance com a autorização para a exploração mineral dos Açores", alertou Telmo Morato, vice-presidente do instituto de investigação Okeanos, da Universidade dos Açores, durante uma audição na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CAPADS) do parlamento açoriano.

Segundo aquele investigador, os estudos científicos realizados até agora determinam que a eventual extração de minerais no oceano profundo poderia gerar um impacto direto na coluna de água, ao longo de 1.000 metros de altura, podendo provocar a morte de outras espécies marinhas.

"Os corais expostos às plumas libertadas pela exploração mineral poderiam morrer ao fim de 13 dias, não só por causa dos sedimentos lançados na coluna de água, mas também pela toxicidade dessas mesmas plumas", exemplificou Telmo Morato.

O vice-presidente do Okeanos foi ouvido pelos deputados, a propósito de dois projetos de resolução apresentados na Assembleia Legislativa dos Açores, pelas bancadas do BE e do PAN, que defendem a criação de novas áreas marinhas protegidas e a aplicação de uma moratória que proíba a mineração marinha no arquipélago.

Também Emanuel Gonçalves, administrador e coordenador científico da Fundação Oceano Azul, defendeu a necessidade de se evitar a exploração mineral do mar profundo, recordando que se trata de um "ambiente frágil e desconhecido", onde o impacto humano deve ser evitado.

"Será muito difícil recuperar o impacto de uma exploração mineral do mar profundo", advertiu o investigador, que defende também a realização de mais estudos que possam determinar, com rigor, as consequências de uma eventual exploração do fundo dos oceanos.

No seu entender, não está também confirmada, do ponto de vista, científico, a necessidade de uma exploração mineral do oceano profundo, já que "é preciso analisar ainda os prós e contras, os benefícios e os riscos" desse tipo de atividade extrativa no mar dos Açores.

"A gestão do risco aconselha a que Portugal e os Açores tenham um papel de liderança na proteção dos recursos marinhos", insistiu Emanuel Gonçalves, durante a audição na CAPADS.