O PS-M deve responder se quer ganhar em 2023
Quando em 2015 fui Presidente do PS M baseei a minha candidatura numa conclusão mais ou menos óbvia, mas que precisava ser sublinhada: o PS M deve ir ao encontro dos anseios dos madeirenses e falhará se “oferecer” o que eles não querem ou não gostam, e sobretudo não precisam! Com esta premissa foi possível recolocar o partido na linha da frente. Mobilizamos gente nova e ancoramos as soluções no respeito pelo património humano e programático do PS-M. Tivemos o melhor resultado de sempre nas eleições autárquicas de 2017 e relançamos o partido para disputar o governo. Saí da liderança sem nunca ser candidato ao governo regional, mas com sondagens acima dos 40%. O resto da história é conhecida e não vale a pena recordar, nem é útil encontrar culpas para as falhas que se seguiram e os objectivos que não foram cumpridos. Mas, lembro este episódio para deixar um “alerta patriótico”: não é possível ganhar a Madeira sem alma madeirense. Ignorar este facto, atirar à cara dos eleitores de forma sistemática esta sombra tóxica, e encolher os ombros perante pontapés na singularidade e densidade que a madeirensidade acarreta, é comprometer, sem retorno, uma alternativa há muito esperada. O PS M deve, por isso, responder se quer ganhar eleições em 2023. Não espero como resposta um “sim” ou um “não”, mas apenas compromissos sólidos. Compromissos com os madeirenses através de um contrato claro sobre o programa, sobre o método, sobre as pessoas. Até onde está disposto a ir para desenhar as soluções que precisamos numa unidade inquebrável com o interesse da Madeira. Por outro lado, também não se ganha sem partido mobilizado, envolvido e comprometido. Não é drama nenhum. É possível fazer desde que haja a tolerância de aceitar novas ideias e a capacidade de acomodar compromissos para defender a Madeira e o bem-estar dos madeirenses. É fácil quando se sente a Madeira, mas é uma complicação insuperável quando a Madeira é apenas um poiso e o PS M apenas um meio! Pela observação empírica parece que o caminho que está a ser feito segue a mesma linha do tempo pré-eleitoral das eleições de 2019, na altura com a presunção que tudo já estava ganho. Tal como antes, também agora é preciso contar com todos, cometer os mesmos erros num contexto ainda mais “agreste” esperando resultados diferentes, para melhor, é apenas ilusão. Por outro lado, na construção de uma parceria com os madeirenses não deve haver tabus. É preciso coragem e capacidade de dizer não aos sofistas que abusam do argumento primário da reescrição da história, sem pudor pelo passado. Um PS M memorável exige mais Madeira e menos amarras que penalizam a criatividade e a dinâmica de poder. Um PS memorável não apaga o passado, mas reconstrói sem azia, e com a Madeira no sangue, a alternativa que os conterrâneos procuram. Lutar pelos valores da Madeira, evitar os compromissos com quem destrói o património da Região, recusar acordos com quem maltrata os seus próprios para ganhos pessoais, envergonhar-se de quem trafica interesses, são caminhos arrojados mas necessários para uma alternativa. De resto, quando ignorados no passado deram maus resultados.