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Duas manifestantes vaiam Carlos III em Londres, dizendo "Não é o meu rei"

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Foto AFP

Duas manifestantes antimonárquicas vaiaram hoje o Rei Carlos III à chegada ao parlamento britânico, com cartazes afirmando "Não é o meu rei" - raras vozes dissidentes neste período de luto após a morte de Isabel II.

As duas contestatárias, brandindo cada uma uma folha de papel em que se lia "Não é o meu rei", "Abolição da monarquia" e "Fim ao feudalismo", postaram-se no passeio em frente ao Palácio de Westminster, em Londres, onde funciona o parlamento.

Uma delas aproximou-se, em seguida, dos portões do edifício, e agentes da polícia reconduziram-na ao local onde inicialmente se encontrava, pedindo-lhe que não se aproximasse mais, segundo imagens transmitidas pelo 'site' da internet do jornal Evening Standard.

"É um lugar político e é um dia político", explicou uma delas, citada pela agência de notícias francesa AFP, solicitando o anonimato.

"O parlamento acolhe Carlos Windsor enquanto novo chefe de Estado deste país, sem que o povo tenha uma palavra a dizer. É um rei sem consentimento, e isso não é justo", argumentou a manifestante antimonárquica.

"Não sabemos o que é preciso saber fazer, mas ele ganha um salário de 24 milhões de libras por ano", ou seja 27 milhões de euros, frisou, acrescentando: "Para quê? Saudar e apertar mãos".

A morte da Rainha Isabel II, figura que suscitou nos seus súbditos unidade e estabilidade durante os seus mais de 70 anos de reinado, desencadeou uma imensa emoção no Reino Unido, sendo esperada em Londres a presença de centenas de milhares de pessoas para se despedirem dela, este fim de semana.

Algumas vozes dissonantes elevaram-se, apesar de tudo, para condenar, em especial, o legado colonialista da monarquia britânica.

Segundo uma sondagem divulgada em junho, pelo instituto YouGov, por ocasião dos seus 70 anos de reinado, o Jubileu de Platina, 62% dos cidadãos britânicos são de opinião de que o país deve continuar a ser uma monarquia, ao passo que apenas 22% consideram que deveria haver um chefe de Estado eleito.

O apoio à monarquia é, contudo, mais fraco junto dos jovens, e Carlos III é bastante menos popular que a mãe.

Hoje, antes da chegada da urna de Isabel II a Edimburgo, a polícia escocesa foi aplaudida enquanto detinha, por atentado à ordem pública, uma mulher que segurava um cartaz em que se lia "Abolição da monarquia", embora se tenha feito ouvir entre a multidão o grito repetido de: "Larguem-na, é a liberdade de expressão".

A Rainha Isabel II morreu na quinta-feira à tarde, aos 96 anos, no castelo de Balmoral, na Escócia, após 70 anos e 214 dias como chefe de Estado do Reino Unido e de mais 14 outros países.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu a 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, após a súbita morte do pai, Jorge VI, que subiu ao trono após a abdicação do irmão, Eduardo VIII, para poder casar com uma divorciada norte-americana, Wallis Simpson.

Após a morte de Isabel II, o seu filho primogénito, de 73 anos, tornou-se rei como Carlos III.