Era uma vez…
Do que precisamos é de menos cópia e mais inteligência na decisão política
1. Disco: Chegou o último disco dos Muse, “Will of the People”. É um dos seus melhores trabalhos. Seguro, menos ansioso e, como sempre, claramente político. A apatia destes tempos em que vivemos, onde permitimos que tudo aconteça, leva, com este disco, um forte abanão. Com alguns clichés de politicamente correcto, consegue, no final, ser explosivo pelos alertas que deixa. Para ouvir muito.
2. Livro: “A Máfia dos Bombardeiros”, de Malcolm Gladwell, é um daqueles livros que se lêem de uma vez. Não é um romance e não chega a ser um ensaio. É possível ter um conflito armado onde os preceitos morais prevaleçam sobre as leis da guerra? Houve quem, em plena II Grande Guerra tenha defendido que sim. Algumas pessoas acreditavam que o uso de bombardeamentos de precisão (destruição de alvos militares específicos, fábricas de munições, etc.) poderia limitar as mortes de soldados e civis e encurtar a Segunda Guerra Mundial. Este livro conta essa história.
3. Era uma vez uma ACAPORAMA. Para os que não sabem, uma ACAPORAMA é uma Associação das Casas do Povo da Região Autónoma da Madeira. Por outras palavras, um braço armado do laranjal socialista, para onde o Governo Regional canaliza verbas, apoios e subsídios que não pode dar às Juntas de Freguesia.
A Dona ACAPORAMA tem muitos “filhos” e espalhados por todo lado. Da Água de Pena à Tabua, de São Martinho à Ponta Delgada, do Jardim da Serra ao Caniço. O “papá” PSD deu-lhe tudo, para ser a mãe de tantos.
Ora, esta ACAPORAMA estava um dia sentada no seu gabinete, a aparentar fazer algo de jeito. As ACAPORAMAs gostam muito de fingir que trabalham. Mas é só para dar ar de que o fazem. Dizia eu que a ACAPORAMA estava sentada no seu gabinete a fingir fazer algo de jeito, quando, eis que senão, teve uma ideia luminosa. “Que tal fazer uma Aquisição de Computadores Portáteis, Impressoras e Serviços de assistência técnica informática”. Assim pensou e assim se deitou a fazê-lo.
Fez umas chamadas, teve umas reuniões, uns almoços, uns jantares pela noite dentro, e ao fim de tanto trabalho, a nossa ACAPORAMAZINHA percebeu o quão boa fora a ideia. “Mas que bela ideia esta de fazer uma Aquisição de Computadores Portáteis, Impressoras e Serviços de assistência técnica informática”, pensou, cheia de orgulho para com os seus botões. Fez umas contas de somar, e de sumir, e chegou aos 887 500 €. O que lhe pareceu um bom número. Sempre eram 1500 computadores e 1500 impressoras.
Tratou logo de pôr a mexer as burocracias para fazer uma Aquisição de Computadores Portáteis, Impressoras e Serviços de assistência técnica informática, de modo a fornecer equipamento informático a famílias carenciadas.
No caderninho de encargos, com grande satisfação, a ACAPORAMAZITA, porque é uma pândega, escreveu coisas de ir às lágrimas: que os equipamentos teriam de ser entregues cinco (5) dias depois da produção do contrato; que os computadores teriam que ter discos SATA, que já ninguém usa; com processador de 2019; que os computadores terão que ter instalada a ferramenta de gestão Dell TechDirect porque a ACAPORAMA usa essa ferramenta (coisa que não se entende, uma vez que os computadores são para famílias carenciadas).
Moral da história: com entregas a cinco dias, esses computadores já existem e estão algures num armazém prontos para entrega. Com a definição da desnecessária ferramenta de gestão quase se adivinha a marca dos equipamentos.
Esta ACAPORAMA é cá uma malandrona.
Victória, Victória, acabou-se a história.
4. As trotinetas. Chegaram as trotinetas. Mais uma vez introduz-se um corpo estranho no tecido do Funchal, sem se fazer qualquer estudo de impacto, de necessidade, de estrutura (localização de pontos de saída e de entrega, condições de utilização, locais de circulação, etc.).
Por essa Europa fora, de onde copiamos modelos e ideias sem saber se localmente adequadas, são cada vez mais as cidades que proíbem o uso, desregulado, deste meio de transporte, quando não o proíbem pura e simplesmente.
Bloqueiam passeios, andam por todo o lado sem segurança, enervam os condutores, que não as sentem chegar porque silenciosas, e matam. Sim, há casos de morte por queda dos seus condutores (que nem capacete usam) e por atropelamento de terceiros.
O Funchal tem uma ciclovia, não sendo uma cidade para ter tal estrutura, onde andam peões. O actual presidente da Câmara, numa atitude de arrumação, gastou 150.000 € para destruir parte desta, e agora autoriza trotinetas por todo o lado. A capital da região não é uma cidade para ciclovias, nem para trotinetas.
Quando em uso, são verdadeiras valentonas das calçadas — rápidas o suficiente para incomodar os pedestres e criar problemas de segurança. Se as forçarmos a andar na estrada, elas são lentas e vulneráveis no meio de veículos de mais de mil toneladas, sem falar nos buracos que, num piscar de olhos, engolem os seus pequenos pneus.
O problema não fica só pelo seu uso. Quando “abandonadas” no final da utilização representam também um perigo. Especialmente para portadores de deficiência.
Os primeiros sinais de abandono em zona não definida, começam a aparecer. É assim em todo o lado. Quem pensa que com o tempo isto melhora desengane-se. Há dias vi duas pessoas montadas numa trotineta, o que representa um perigo a dobrar.
Por outro lado, foi lesto o Governo Regional, apoiado por PSD e CDS, a regulamentar repressivamente a actividade dos TVDE (vulgo UBER e BOLT), pois lesivas dos interesses dos taxistas. Não são as trotinetas um meio de concorrência aos táxis?
Já não deve faltar muito para começarmos a ver trotinetas eléctricas abandonadas nos jardins, em cima dos passeios, ao virar da esquina, nas ribeiras, dos lagos e fontes.
Em Espanha, Madrid e Barcelona, proibiram-nas nas zonas pedonais e de andarem em cima dos passeios. Na Suécia regularam-lhes a potência. Na Alemanha, a potência e a proibição de circulação nos passeios. No Reino Unido só são permitidas em terrenos particulares. Itália prepara-se para regular o seu uso. Quem conhece a Lisboa destes tempos, sabe do problema que as trotinetas representam.
Do que precisamos é de menos cópia e mais inteligência na decisão política.
5. “Governo acelera privatização da TAP e quer concluí-la em 2023”, leu-se na comunicação social. Faço parte de um grupo que anda há anos a dizer dessa necessidade. Que era a única maneira de resolver o problema TAP. Uma privatização verdadeira. Depois de mais de 3 mil milhões de euros esbulhados aos contribuintes, o Estado socialista, decidiu dar finalmente ouvidos à voz da razão e privatizar a dita companhia aérea de bandeira que, até aqui, no alto da sua sabedoria, devia ficar sob controlo estatal. Chamaram-nos zelotas, fanáticos religiosos, radicais, para anos mais tarde seguirem o caminho que indicámos, como sendo o mais viável. Podíamos ter evitado tudo isto. Mas como falamos de socialistas, seria de esperar outra coisa?
6. Da parte do Governo Regional da Madeira, em 2023, irá acontecer tudo e mais alguma coisa. Da Marina o Lugar de Baixo até a um tal de túnel a esventrar a cidade capital. Até parece que para o ano há eleições.
7. Sobre o plano de Costa de dar um dinheirinho em Outubro ao povo que ganha até 2700 euros brutos, após o despojar fiscalmente durante o ano inteiro, penso que já foi tudo dito. Aproveitava para pegar no que Miguel Albuquerque considerou sobre o assunto. Falou, falou, falou e só disse uma coisa de jeito: o apoio de 2,4 mil milhões de euros é “importante”, destacando que vai “em linha ao que o PSD tinha apresentado” em Maio deste ano.
Ou seja, reconhece que o socialismo laranja é igual ao socialismo rosa.
8. “The Queen is dead. Long live the King”.