Prudência
Avizinham-se Tempos difíceis, apesar dos pacotes, dos recordes e do eleitoralismo
Perspectivam-se tempos complicados para uma sociedade menos dada à poupança e eufórica com a aparente pujança da economia, mas que é chamada a enfrentar o agudizar de nova crise financeira, feita de subidas de preços dos bens essenciais e das taxas de juros e perdas do poder de compra e de qualidade de vida
Na hora de regressar à normalidade importa ser prudente, o que implica ter consciência da necessidade de mudar urgentemente de hábitos de consumo pouco criteriosos e de atitudes desleixadas como se o mundo acabasse amanhã. Cada um é livre de escolher o caminho que julgar ser mais conveniente, mas a forma despreocupada de estar vai ter que dar lugar a ponderação e calculismo.
Apesar dos recordes no Turismo, dos pacotes de ajudas familiares, com logros à mistura, e do eleitoralismo que apanha boleia do sufrágio regional previsto para daqui a um ano, os novos sacrifícios decorrentes das decisões soberanas obrigam a cautelas acrescidas. Se assim não for, os compromissos assumidos não serão honrados, os desequilíbrios sociais ganharão novos contornos e a ansiedade juntar-se-á a outros males que afectam a saúde mental colectiva.
Cabe a cada cidadão desenvolver competências para que a gestão doméstica não dependa só dos auxílios do Estado, da boa vontade da vizinhança e da solidariedade de instituições. Antevendo o pior dos cenários, urge assim concentração máxima naquilo que pode ser diferenciador, pois a apetência pela alienação não será solução e a queixa recorrente não será boa conselheira.
Aos que governam, pede-se transparência e honestidade, rigor nas contas e contenção nas promessas. Pior do que ver 50% do salário capturado pelo Estado é sentir que o dinheiro dos nossos impostos serve para muito que é perfeitamente dispensável.
Aos que escrutinam os poderes, exige-se seriedade e verdade, denúncias comprovadas e alternativas exequíveis. Ter uma ementa vastíssima para entreter o eleitorado que quer fazer escolhas sem ingredientes para cozinhar é fraude.
Aos que sensivelmente a um ano de arranque da campanha eleitoral para as legislativas regionais de 2023 estão mais focados nas narrativas do que nas pessoas, recomendamos mais porta-a-porta do que comunicados, mais reflexão do que antevisão do lugar pretendido, mais serviço público do que satisfação de caprichos.
Aos que tendo a missão de simplificar processos, burocratizam em demasia, aconselhamos que passem a olear mais as máquinas que gerem do que passar o tempo a colocar pedras na engrenagem.
Aos que por esta hora arrumam a época de arraiais deste ano, importa que façam uma revisão de comportamentos, muitos deles despesistas e alguns repletos de retrocessos civilizacionais. Persistem os comas alcoólicos, as zaragatas e todas as outras posturas inconcebíveis, que espelham um estranho conceito de superioridade.
E aos que por este dias regressam às aulas, recomenda-se dedicação extrema, tanto na aprendizagem, como na partilha do saber. O futuro passa pela escola.