Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã faz visita surpresa a Kiev
A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, chegou hoje a Kiev para uma visita surpresa destinada a "mostrar" que a Ucrânia "pode contar" com o apoio de Berlim, anunciou o Governo alemão.
"Eu viajei para Kiev hoje para mostrar que podem continuar a confiar em nós. Que continuaremos a apoiar a Ucrânia enquanto for necessário, com entrega de armas, com apoio humanitário e financeiro", declarou Annalena Baerbock, citada num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão.
Esta é sua segunda visita a Kiev desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.
Além da ajuda financeira e militar, a Alemanha pretende ajudar Kiev a realizar operações de desminagem e "lançar luz sobre os crimes de guerra cometidos, em particular enviando peritos, incluindo um procurador", especificou a ministra na nota.
"Para mim, está claro que [o Presidente russo, Vladimir] Putin está a contar com que nos cansemos do sofrimento na Ucrânia", advertiu.
Mas a Alemanha, assegurou a ministra, permanecerá ao lado dos ucranianos que "lutam contra a agressão russa, não só para defender o seu direito humano à paz e à liberdade, mas também para defender a nossa ordem de paz europeia".
A atitude inicial hesitante da Alemanha em relação a Moscovo após a eclosão da guerra há seis meses e a falta inicial de apoio militar de Berlim a Kiev irritaram profundamente o Governo do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Entretanto, a situação mudou. O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse querer que o seu país assuma uma "responsabilidade especial" para ajudar a Ucrânia a fortalecer os seus sistemas de artilharia e defesa aérea.
Uma nova era nas relações bilaterais, menos tensa, parece estar a ocorrer, ilustrada pela iminente chegada de um novo embaixador ucraniano em Berlim.
O seu antecessor, Andrij Melnyk, atacou a atitude tímida da Alemanha em relação à Rússia durante meses.
A ofensiva lançada em 24 de fevereiro na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.