"Presidente de Portugal merecia mais respeito" de Bolsonaro
O candidato às presidenciais brasileiras, Lula da Silva, considerou hoje "importante" a presença de Portugal nas comemorações da independência do Brasil, mas salientou que o Presidente da República portuguesa "merecia mais respeito" do seu homólogo Jair Bolsonaro.
"Eu achei que foi falta de respeito do Presidente do Brasil com o Presidente de Portugal. O Presidente de Portugal merecia mais respeito e não aquela cena patética causada pelo Presidente da República", afirmou Lula da Silva aos jornalistas.
Em campanha no Rio de Janeiro, Lula da silva, que lidera as sondagens às eleições presidenciais de outubro, falava aos jornalistas estrangeiros, comentando a participação de Marcelo Rebelo de Sousa nas comemorações do bicentenário da independência que decorreram esta semana.
"Eu nunca confundo a relação pessoal com a relação entre chefes de Estado", disse o ex-Presidente do Brasil, ao adiantar que chegou a convidar "vários chefes de Estado para participarem no 07 de Setembro".
Na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa assistiu ao desfile cívico-militar do 07 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, mesmo no centro da tribuna, ao lado do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Esta foi uma cerimónia institucional com ambiente de campanha eleitoral, perante uma multidão vestida de verde e amarelo, durante a qual se ouviram gritos de apoio a Bolsonaro e palavras de ordem contra o ex-Presidente do Brasil Lula da Silva, seu adversário na eleição presidencial de 02 de outubro.
Após a cerimónia, o chefe de Estado português afirmou que estava no Brasil "num gesto histórico" e negou desconforto por ter assistido ao desfile ao lado de Jair Bolsonaro.
Em declarações à comunicação social, num hotel em Brasília, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "de onde estava não ouvia" as palavras de ordem que foram gritadas pela multidão em apoio ao Presidente do Brasil e contra Lula da Silva.
Questionado se estava confortável por ter estado nesta cerimónia, o Presidente português respondeu: "Sim, sim".
"Eu estou aqui para representar Portugal num momento histórico, fosse qual fosse o Presidente. As pessoas têm de perceber o seguinte: a campanha eleitoral dura X tempo, o mandato do Presidente dura muito mais e a História de 200 anos dura muito mais. E o que fica para a História é que Portugal esteve presente num momento histórico", declarou.