A Guerra Mundo

Conselho de Segurança terá reunião ministerial sobre Ucrânia durante Assembleia-Geral da ONU

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Foto EPA/ALESSANDRO DELLA VALLE

O Conselho de Segurança da ONU terá em setembro uma reunião ministerial sobre a guerra na Ucrânia durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, sendo esperada a presença dos ministros ucraniano e russo e do secretário-geral, António Guterres.

O embaixador Nicolas de Rivière, representante permanente da França junto às Nações Unidas e presidente do Conselho de Segurança durante o mês de setembro, informou hoje à imprensa o programa de trabalho que delineou para a sua presidência, tendo agendado uma reunião de nível Ministerial sobre a guerra da Rússia na Ucrânia para o próximo dia 22, quando líderes de Governo de todo mundo estarão reunidos em Nova Iorque - cidade sede da ONU - para participar na Assembleia-Geral da organização.

De acordo com o diplomata, como se trata de uma reunião ministerial, os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e da Ucrânia, Dmitry Kuleba, serão convidados para o evento.

"O ministro russo será convidado por padrão. Como a reunião é sobre a Ucrânia, o ministro ucraniano também será convidado", disse Rivière, no encontro com a imprensa no qual a agência Lusa esteve presente

Apesar de não estar certa a presença desses dois membros de Governo, Rivière confirmou que a ministra da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França, Catherine Colonna, presidirá a esse evento ministerial sobre a crise na Ucrânia, que terá como foco a "impunidade e justiça", mas que "deverá tocar em outros parâmetros da guerra", segundo o diplomata.

Ainda sobre a guerra na Ucrânia, Nicolas de Rivière confirmou que a missão russa junto da ONU pediu uma reunião para a próxima terça-feira com a presença de Guterres e do diretor da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi.

O presidente do Conselho de Segurança indicou que essa reunião deverá acontecer e que deverá ser pedido a Grossi um relatório sobre a sua missão à central nuclear ucraniana de Zaporijia.

Nesse sentido, Rivière reforçou que as questões nucleares que recaem sobre Zaporijia estarão em destaque na próxima semana no Conselho de Segurança das Nações Unidas

Ainda para a próxima terça-feira, está agendado o encontro anual sobre Manutenção de Paz, que contará com as declarações do subsecretário-geral de Operações de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix.

"Esta é uma reunião em que nos permite saber a eficiência e as melhorias que podem ser feitas nas operações de paz da ONU. É uma reunião importante", avaliou o embaixador francês.

Ao longo da presidência mensal rotativa de França no Conselho de Segurança - órgão do qual é um dos cinco membros permanentes -, são esperadas cinco reuniões relacionadas com África.

Em 07 de setembro, está agendado um 'briefing' e consultas sobre a Missão de Assistência das Nações Unidas na Somália (UNSOM, na sigla em inglês); e em 13 de setembro um briefing e consultas sobre a Missão Integrada de Assistência à Transição da ONU no Sudão (UNITAMS, na sigla em inglês) e sobre o Comité de Sanções do Sudão.

Já em 15 de setembro o Conselho irá reunir-se para abordar a Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS, na sigla em inglês); em 29 de setembro votará a renovação das operações na Líbia e, no dia seguinte, haverá um 'briefing' sobre a Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO, na sigla em inglês).

Além de África, também o Médio Oriente será alvo de discussões durante o corrente mês, com consultas sobre o Iémen (08 de setembro; reuniões sobre a Síria (14 e 29 de setembro), e votação da renovação do mandato da missão da ONU para investigação e responsabilização por crimes cometidos pelo Daesh/ISIL no Iaque (UNITAD, sigla em inglês) em 15 de setembro.

Em 27 de setembro está ainda agendado um ' briefing' trimestral e consultas sobre a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA).

"Os desafios que o Conselho enfrenta são bem conhecidos e França continua a apoiar o multilateralismo. (...) Tentamos fazer um programa de trabalho balanceado", explicou Nicolas de Rivière.

Questionado sobre o recente relatório divulgado pela Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, que aponta possíveis crimes por Pequim contra a humanidade visando a minoria chinesa uigur, Rivière afirmou que, no papel de presidente do Conselho de Segurança, esse assunto não está na agenda do órgão.

"O Conselho de Segurança tem um mandato especifico (...) e crimes contra a humanidade devem ser condenados, mas o que posso dizer é que não está na agenda do Conselho", disse o Nicolas de Rivière, acrescentando que como embaixador francês está "preocupado" com as conclusões do relatório e espera que as recomendações de Bachelet "sejam seguidas".