Rússia autoriza participação de empresas japonesas em exploração de gás russo
A Mitsubishi anunciou hoje que as autoridades russas aprovaram a participação da empresa japonesa na exploração de gás russo Sakhalin-2, após a nacionalização do projeto, na sequência das sanções internacionais devido à invasão da Ucrânia.
Num comunicado, a Mitsubishi confirmou que "o pedido foi aprovado pelo Governo da Federação Russa" e disse que irá negociar os termos e condições do acordo de acionistas e continuar "a avaliar os riscos relacionados com o projeto, assumindo vários cenários".
A nova empresa gestora do projeto, "a Sakhalin Energy LLC, já começou a fornecer GNL [gás natural liquefeito] da Sakhalin-2", acrescentou a Mitsubishi, concluindo: "neste ponto confirmamos a política de produzir e fornecer GNL conforme planeado".
O conglomerado empresarial japonês foi um dos investidores do consórcio que até ao início de agosto geria o projeto Sakhalin-2.
A Mitsubishi detinha 10% do consórcio e demonstrou interesse em manter a mesma participação na nova gestora do projeto, uma empresa afiliada à estatal russa Gazprom, criada em 05 de agosto através de um decreto do Presidente russo, Vladimir Putin, o que na prática coloca o projeto sob o controlo de Moscovo.
Os outros membros do consórcio eram a russa Gazprom (50%), a britânica Shell (27,5%) e a também japonesa Mitsui (12,5%), que confirmou na quarta-feira que o seu pedido de permanência na gestão da exploração também foi aprovado pela Rússia.
A Shell já declarou a intenção de abandonar o projeto devido à invasão da Ucrânia, seguindo a política das principais potências europeias de reduzir a dependência energética da Rússia.
Pelo contrário, o Governo japonês pediu que suas empresas permaneçam no projeto para garantir um fornecimento estável de energia ao país, altamente dependente das exportações por falta de recursos.
O Governo japonês tinha pedido às duas empresas japonesas que permanecessem no projeto para garantir a segurança energética do arquipélago.
Sakhalin-2 produziu e exportou 11,6 milhões de toneladas de gás natural liquefeito em 2021, das quais mais de metade foi para o Japão.
O Japão depende de importações para cerca de 98% do consumo de gás e a Rússia é a quinta maior fonte deste combustível. Sakhalin-2 representa cerca de 10% das importações de gás liquefeito do Japão.