Uma carta a Nossa Senhora
Em breve vamos comemorar de novo mais uma das grandes festas da nossa terra, o arraial de Nossa Senhora do Monte. Dizem que é o dia da festa das 7 senhoras, não sei se sim, mas realmente são muitas festas com diferentes designações e a uma só Senhora.
À primeira Senhora perguntaria se: um povo que cultiva a inveja e cria os inimigos dentro da própria casa, merece continua a ter fé e acreditar que Portugal esteja sob a sua proteção, se a fé anda perdida pelas horas da amargura ou até Nossa Senhora já perdeu a esperança da abnegação característica deste povo. À segunda poria a questão se: dois anos chegam para voltar a acreditar que as saudades dos madeirenses em celebrar a Virgem fará com que se consciencializem de que é preciso muita coragem para manter a fé inabalável num país onde a verdade é cada vez mais difícil de acreditar, visto andarmos há quase meio século a viver de promessas que não propriamente à senhora, mas de mentiras a eludir a ingenuidade deste povo. À terceira fazia a pergunta; se é possível voltar a encher de coragem e de fé este humilde povo que, tem medo da liberdade de modo a que possam almejar um futuro digno para as gerações vindouras, pois pelo que nos quer transparecer a catástrofe a que foi conduzido o nosso país parece ser crónica e sem remédio à vista, será que a esperança um dia chega? À quarta Senhora interpelava a sua bondade e o seu magnânimo poder para que interferisse na consciência dos portugueses de modo a que construíssem uma nação sólida com o seu empenho, dedicação e trabalho deixando de serem subservientes, subsidiodependentes, e muitos perseguidos pelos governantes sem contemplação das suas fraquezas. À quinta Senhora gostava de saber se temos forçosamente de continuar a suportar governos intempestivos que adiam o futuro do povo empenhado em dívidas até os cabelos, ou podemos ter esperança de que a mentalidade deste povo mude. À sexta Senhora colocaria a dúvida se mais 4 anos desta política de descalabro o seu Portugal que acreditamos piamente contar com a sua proteção, suportará semelhante atentado. E à sétima e última Senhora peço-lhe encarecidamente que ao igual que os sucessivos crimes cometidos e que por cá, desde a inveja, o roubo, a mentira, a violência e a usurpação, dificilmente os criminosos serão julgados pois a justiça não tem tempo suficiente para os analisar, quando chegam ao céu serão condenados ou a misericórdia divina tornar-se-á «também um tanto ou quanto cúmplice» da nossa própria miséria? Pois nós por cá temos enorme dificuldade em praticar o mandamento do perdão, é que por favor! Já andamos nisto há quase meio século e custa tanto a mais de uma geração perdoar e a ser constantemente enganado e ostracizado. Ah, e já agora! Os supostos culpados da queda da árvore no Monte em 2017, já chegaram aí?
A.J. Ferreira