ONU afirma que há "provas consideráveis" de crimes contra humanidade em Myanmar
A ONU apontou hoje "provas consideráveis" de crimes contra a humanidade cometidos em Myanmar (antiga Birmânia) desde que os militares retomaram o poder em 2021, sobretudo contra mulheres e crianças.
"Há provas consideráveis de que desde que os militares tomaram o poder em fevereiro de 2021, foram cometidos crimes a uma escala que constitui um ataque sistemático e generalizado contra a população civil", afirma o Mecanismo Independente de Investigação para aquele país, criado pelo Conselho para os Direitos Humanos da ONU em setembro de 2018.
O diretor daquele mecanismo, Nicholas Koumjian, declarou que "os crimes contra mulheres e crianças são dos delitos internacionais mais graves", mas salientou que costumam ser pouco denunciados e pouco investigados.
"Quem comete estes crimes tem que saber que não pode continuar a agir impunemente. Estamos a juntar e a guardar as provas para que um dia sejam responsabilizados", afirmou.
De acordo com dados recolhidos pelos investigadores da ONU, "crimes sexuais e de género, incluindo violação e outras formas de violência, tal como crimes contra crianças, foram cometidos por membros das forças de segurança e por grupos armados".
Os crimes incluem mesmo a tortura, recrutamento e detenção arbitrária de crianças, segundo o relatório anual do mecanismo de investigação.
Desde 01 de fevereiro de 2021, data do golpe que depôs a ex-líder civil do país, Aung San Suu Kyi, a junta militar que governa Myanmar tem reprimido a oposição, registando-se mais de 2.100 mortes entre civis e quase 15.000 detenções, segundo uma organização não governamental local.