Washington alerta que "tempo está a esgotar-se" para retomar acordo nuclear com o Irão
Os Estados Unidos alertaram esta quinta-feira que o tempo "está a esgotar-se" para recuperar o acordo nuclear iraniano, apesar das negociações terem sido retomadas em Viena, após vários meses de hiato.
"Não vamos esperar para sempre que o Irão aceite o acordo que está na mesa", referiu o porta-voz da Casa Branca para questões de segurança, John Kirby, durante uma conferência de imprensa.
"O tempo parece cada vez mais limitado", acrescentou, exortando Teerão a aceitar a oferta que lhe foi proposta.
As negociações de Viena destinam-se a fazer regressar os Estados Unidos a este acordo -- do qual se retiraram unilateralmente em 2018 -- em particular através do levantamento das sanções contra o Irão e garantias do pleno respeito de Teerão pelos seus compromissos.
O acordo de 2015 concedeu uma suavização das sanções ao Irão em troca de restrições ao seu programa nuclear, para garantir que Teerão nunca poderia desenvolver uma arma nuclear, o que sempre negou pretender.
No entanto, após a retirada unilateral dos Estados Unidos sob a administração do ex-presidente Donald Trump, e a reimposição de severas sanções económicas, o Irão também começou a não respeitar os seus compromissos e iniciou uma aceleração gradual do seu enriquecimento de urânio.
As discussões para o retomar do acordo começaram em abril de 2021, com a participação indireta dos Estados Unidos.
No início do ano, o acordo foi apresentado como "iminente", mas todo o processo foi descarrilando e as negociações ainda não foram terminadas.
Numa tentativa final, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apresentou um projeto de compromisso em 26 de julho e pediu às partes que o aceitassem para evitar uma "crise perigosa".
Os negociadores voltaram a Viena esta quarta-feira para discutir o assunto.
A última 'provocação' do Irão ocorreu na segunda-feira passada, quando começou a injetar gás a 500 centrifugadoras avançadas, em reação às recentes sanções dos Estados Unidos contra seis companhias asiáticas por terem facilitado exportações de petróleo iraniano.
Desde a última contagem da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão tinha reservas de cerca de 3.800 quilos de urânio enriquecido, chegando até 60% de pureza -- um nível que nunca tinha sido atingido antes e que, segundo os peritos, pode ser o suficiente para fabricar uma bomba nuclear.
Os inspetores da ONU verificaram também que o Irão tinha começado a alimentar com urânio duas cascatas centrifugadoras IR-1 e que planeia instalar mais seis cascatas centrifugadoras IR-2M em Natanz.