Sempre pai
Dia dos Pais se aproximando e isso deixa mais vivo na memória que minha filharada está tão longe, que a casa está vazia e isso dá uma saudade danada. Fernanda mora em Nice, na França, mas embarca pelo mundo de vez em quando, apesar de trabalhar em Nice, Mônaco e Antibes. Daniela está em Lisboa e ela e Pierre Aderne também viajam bastante, menos agora por causa da pandemia e também porque o Rio era muito pequeninho, mas como agora ele tem três anos, já vieram ao Brasil, foram à França e à Cabo verde.
Temos estado em Lisboa, nos últimos anos, pois com a chegada do Rio, moramos metade do ano lá e metade aqui no Brasil. Dá para matar um pouco da saudade de Daniela, do neto Rio e de Pierre. Uma vez em Portugal, é mais fácil visitar Fernanda, em Nice, fica muito mais perto. Mas quando a gente está aqui no Brasil, ah, que falta que elas fazem! No Dia dos Pais, então...
E o Dia dos Pais não só aumenta a saudade, mas me faz pensar no privilégio de ser pai. É interessante que até algum tempo atrás, quando era um pouco mais jovem, eu achava que era um ótimo pai. Mas o tempo foi passando, a gente começa a ver tudo com mais clareza e comecei a tomar consciência de que não fui aquilo tudo, não.
Queria ter ficado mais tempo com elas, queria ter vivido mais a infância delas, queria ter aprendido mais com Fernanda e com Daniela, queria ter trabalhado menos e vivido mais a adolescência delas. Queria ter aprendido com elas a dar mais carinho, a expressar melhor os sentimentos, queria ter sido mais pai. Queria não ter ficado longe delas por dois anos, por causa do trabalho, vendo a família só no fim de semana. Isso faz falta.
Sei que fizemos alguma coisa certa, eu e Stela, pois nossas meninas são pessoas educadas, inteligentes e capazes, assim como solidárias e carismáticas. Mas sei também que eu poderia ter sido um pai melhor.
Então, o grande presente que tenho, sempre, em qualquer dia, até no Dia dos Pais, é ter sido pai de pessoas de almas e corações tão grandes e abençoados. O tempo de vê-las crescer foi o tempo mais feliz da minha vida.
PS.: Já passou tanto tempo, mais de trinta anos, mas ainda não consigo escrever sobre a perda de nossa pequena Vanessa, que se foi muito rápido, no dia seguinte ao de sua chegada. Ainda dói muito. Mas posso falar do neto Rio, o Anjo que veio para nos salvar na pandemia. Rio é uma criatura abençoada e a gente esquece de tudo quando está com ele. O Dia dos Avós foi recentemente e a gente comemora via vídeo ao vivo com as filhotas e com ele também. Feliz Dia dos Pais a todos os pais e avós, que foram pais também.
Luiz Carlos Amorim