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Quase dois terços dos homicídios no Brasil acabam sem denuncia

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O Instituto Sou da Paz denunciou que quase dois terços dos homicídios praticados em 2019 no Brasil acabam sem denuncia por parte do Ministério Público até ao final de 2020.

"Apenas 37% dos homicídios praticados em 2019 geraram denúncias à Justiça até o final de 2020; índice foi de 44% no ano anterior", segundo o relatório "Onde Mora a Impunidade" que aponta ainda que o estado do Rio de Janeiro é aquele que "menos esclarece homicídios", com apenas 16%, em contraponto com a Rondônia mais, com taxa de 90%.

Em resposta à Lusa, a diretora executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou que "no Rio de Janeiro existe um problema estrutural".

"Homicídios complexos relacionados às milícias, tráfico de droga" e "não há investigação séria por parte da Polícia Civil , não há preservação do local do crime", disse.

Carolina Ricardo explicou ainda à Lusa que "há todo um problema na cadeia de investigação de homicídios" que passa desde a Polícia Militar, Polícia Civil e Ministério Público que recebe inquéritos pouco detalhados e não exige melhores provas.

Segundo o instituto Sou da Paz, apesar dos 76% dos cerca de 40 mil homicídios verificados anualmente no país terem sido praticados através do uso de armas de fogo "o país ainda enfrenta o enorme desafio de conseguir esclarecer a maioria desses assassinatos e sem saber com precisão qual o percentual deles foram solucionados em cada estado".

De acordo com o relatório oito estados não conseguem produzir dados necessários para entrarem neste relatório: Alagoas, Amazonas, Goiás, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins.

Dos 19 estados que enviaram dados completos apenas nove enviaram algum dado sobre o perfil das vítimas, "a respeito do sexo, idade e raça/cor das vítimas".

"O desenho de políticas não pode deixar de levar em consideração que há uma parcela da população afetada pela violência letal de forma desproporcional em razão do racismo, da discriminação e da desigualdade de renda", explicou Carolina Ricardo, no relatório.

"A ausência desses dados evidencia que as instituições do sistema de Justiça responsáveis pelo processamento de um homicídio desconsideram a relevância dessas informações para o aprimoramento da sua atuação", detalhou.