Candidaturas transgénero batem recordes no Brasil
O número de pessoas transgénero que aspiram a ser eleitas nas próximas eleições de outubro bateu um recorde no Brasil, com 76 candidaturas, segundo dados divulgados hoje pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Este valor representa mais 44% do que o registado em 2018.
Em 02 de outubro, os brasileiros elegerão o Presidente, membros do Congresso, governadores e membros das assembleias legislativas de cada um dos 27 estados do país, posições onde a presença de pessoas transgénero se reforçou nos últimos anos.
Em 2022, haverá pela primeira vez candidatos que se identificarão como não binários.
Este ano, a maior afluência será novamente de travestis e mulheres trans, com 67 candidatos, seguidos por cinco homens trans e quatro candidatos não binários.
Desse total, 36 irão concorrer a lugares na Câmara de Deputados - onde nenhuma pessoa transgénero foi eleita - e mais 40 irão procurar lugares nas assembleias legislativas regionais.
A maioria dos candidatos (85%) pertencem a partidos de esquerda, 9,2% são de partidos de direita e 5,3% identificam-se com o centro.
Em termos de perfil étnico/racial, a associação identificou duas candidaturas de pessoas que se declaram indígenas, 25 que se consideram brancas e 49 de afro-descendentes, um cenário semelhante ao panorama eleitoral geral do país, onde a maioria dos candidatos se declararam negros - ou pardos - pela primeira vez.
Para Keila Simpson, presidente da Antra, o facto de a presença trans na política estar a ficar mais forte é um reflexo da "luta" e da "resistência" desta população por uma democracia cada vez mais participativa no Brasil.
"Esta é a única forma de a política responder e representar os desejos desta população, que há tanto tempo está esquecida", disse à agência noticiosa espanhola Efe.