A Guerra Mundo

Kiev pede à Rússia para parar de bombardear os acessos à central de Zaporijia

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A Ucrânia pediu hoje à Rússia para parar de bombardear a estrada de acesso à central nuclear ucraniana de Zaporijia, atualmente sob controlo russo, no dia em que os peritos da ONU chegaram à cidade com o mesmo nome.

A chegada da missão de peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), agência que integra o sistema da ONU, a Zaporijia, que fica a cerca de 120 quilómetros da central com o mesmo nome, foi testemunhada no local por jornalistas da agência AFP.

"As tropas de ocupação russas devem parar de disparar nos corredores usados pela delegação da AIEA e não interferir nas suas atividades na central", escreveu o porta-voz diplomático ucraniano, Oleg Nikolenko, na rede social Facebook.

A caravana da AIEA composta por cerca de 20 carros, metade dos quais com a inscrição ONU, e uma ambulância, entrou na cidade ao início da tarde de hoje.

Na terça-feira, a comitiva encontrou-se com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pediu ajuda para tentar evitar uma catástrofe nuclear em Zaporijia.

"Queremos que a missão da AIEA liderada pelo diretor-geral (Rafael) Grossi encontre um caminho através (...) de corredores de segurança para chegar à central e fazer o máximo para evitar os perigos de um desastre nuclear", disse Zelensky durante o encontro, de acordo com um vídeo divulgado pela Presidência ucraniana.

Zelensky defende que a comunidade internacional deve obter da Rússia a promessa de "uma desmilitarização imediata da central, a saída de todos os soldados russos com todos os seus explosivos e todas as suas armas", bem como o regresso desta instalação para o controlo ucraniano.

Uma das quatro centrais nucleares em operação na Ucrânia, a de Zaporijia é a maior da Europa, com seis reatores com capacidade de 1.000 megawatts cada.

A central caiu nas mãos das tropas russas em março, logo após Moscovo ter iniciado a invasão da Ucrânia, tendo sido alvo de vários bombardeamentos pelos quais tanto Moscovo como Kiev negam responsabilidade.

Na semana passada, a central foi por momentos desligada da rede elétrica, pela primeira vez na sua história, depois de as linhas de energia terem sido danificadas.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.

A ONU apresentou como confirmadas mais de 5.600 vítimas civis mortas, sublinhando que este número está muito aquém dos valores reais.