António Jorge Pinto sai da Secretaria do Mar "desgostoso como se faz política"
O ainda técnico especialista mantém-se na Junta de Freguesia de São Gonçalo
António Jorge Pinto deixa, a partir de amanhã, as funções de técnico especialista no gabinete do Secretário Regional do Mar e Pescas, Teófilo Cunha. O despacho da exoneração foi hoje publicado em Jornal Oficial e refere que o assessor sai do cargo para o qual foi nomeado, a seu pedido e por "razões de ordem pessoal".
O técnico especialista, que tratava, entre outras funções, das questões relacionadas com a comunicação social, vai agora reaver a sua carteira profissional, junto da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, após oito anos de suspensão por exercer cargos incompatíveis com a profissão de jornalista.
Em declarações ao DIÁRIO António Jorge Pinto revela que tem diversos projectos em mente, mas que primeiro pretende levantar a sua carteira profissional de jornalista. Ligado ao CDS há já alguns anos, o profissional não esconde, ao bater com a porta, "desilusão com a política e como se faz política na Região".
António Jorge Pinto vai manter o cargo de vogal da Assembleia da Freguesia de São Gonçalo, órgão para o qual foi eleito, nas listas da coligação Funchal Sempre à Frente, em 2021, na 6.ª posição. A relação com o presidente da Junta, Tiago Freitas, tem sido tensa e desalinhada, como o DIÁRIO deu conta em Janeiro deste ano. António Jorge Pinto considerou o social-democrata de "mentiroso compulsivo", após ter chumbado o orçamento da freguesia.
“Numa coligação há deveres e direitos entre pares. Os factos e não os joguinhos, as mentiras e a retórica mostram quem não tem cumprido em São Gonçalo”, disse o autarca centrista no passado mês de Janeiro, tendo sublinhado que “não é verdade” que Tiago Freitas tenha cumprido a lei do dever de audição prévia dos membros eleitos que não integram o executivo da junta na preparação dos orçamentos e planos. “Na única reunião convocada para supostamente preparar o Orçamento, o que fez foi entregar ao vogal do CDS uma proposta de Orçamento, já na forma consumada e sem sequer se dignar indagar se o partido que represento pretendia ver consagrado no documento algumas das suas propostas”, lamentou então António Jorge Pinto, que esperava, devido à posição que ocupou na lista da coligação às eleições autárquicas, ocupar o lugar de presidente da assembleia de freguesia.
A posição pública de António Jorge Pinto suscitou a reacção do líder do seu partido, Rui Barreto, que anunciou também publicamente a abertura de um processo disciplinar ao autarca centrista. O assessor de Teófilo Cunha nunca foi, contudo, notificado pelo Conselho de Jurisdição do partido, passados quase oito meses sobre os acontecimentos.