Economia de contrastes
Uma rede de supermercados anuncia que vai abrir mais lojas na Madeira. A DECO revela que poupamos cada vez menos e que a despesa do consumo final subiu 4,1%. E a TAP esfola-nos
Boa noite!
A rede de supermercados Modelo/Continente tenciona abrir novas lojas na ilha da Madeira. E se o faz é porque tem dados reveladores de tamanha necessidade. Pelos vistos, o retalho alimentar da Sonae na Região deverá crescer num futuro próximo, porque, como admitiu o CEO da empresa, a procura não abranda junto de quem oferece os melhores preços de mercado, num território que apresenta uma “inflação muito mais controlada quando comparada com Portugal Continental e outras realidades”.
Esta constatação surge no mesmo dia em que a organização de defesa do consumidor DECO revelou três importantes indicadores nacionais:
1. a taxa de poupança dos portugueses iniciou um trajecto de queda acentuada em direção a valores próximos do período pré-covid, situando-se nos 8,3%;
2. o rendimento das famílias portuguesas aumentou 1,4% entre Abril e Junho deste ano face ao primeiro trimestre de 2022, mas como a despesa de consumo final subiu 4,1%, lá se foi a margem de poupança;
3. o aumento de preços em bens de primeira necessidade “é cada vez mais preocupante” já que o cabaz alimentar custa hoje mais 22,11 euros do que no início do ano.
Num contexto pouco animador, apesar do governo regional garantir que a economia está a crescer, a gestão orçamental das famílias adivinha-se difícil, mesmo com mais oferta e concorrência em breve da LIDL. É que vai ser preciso ter dinheiro de sobra para enfrentar os custos acrescidos do material e livros escolares, para arranjar casa para os universitários deslocados noutras paragens e para as viagens domésticas que na TAP continuam a preços pornográficos. Faz algum sentido cobrar 900 euros por trajecto na rota Funchal-Lisboa para uma viagem nos dias em que começam as matrículas dos caloiros?