Governo venezuelano acusa Rafael Ramírez de corrupção na empresa petrolífera estatal
O Governo venezuelano acusou o ex-ministro da Energia e Petróleo da Venezuela Rafael Ramírez de liderar uma operação fraudulenta que comprometeu o património da estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) em 4.850 milhões de dólares (4.838 milhões de euros).
"Foi uma megaoperação de roubo contra a PDVSA. Num ano a PDVSA pagou 4.850.000.000 de dólares por um financiamento em bolívares que nunca existiu. Temos todos os recibos certificados de transferência", denunciou o atual ministro de Petróleo da Venezuela.
Durante uma conferência de imprensa, transmitida pela televisão estatal venezuelana, Tarek El Aissami explicou que acudiu ao Ministério Público e pediu ao Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, que investigue a "operação fraudulenta".
"Entregámos-lhe uma cópia certificada dos 28 comprovativos das transferências e toda a informação correspondente a cada conta dos fundos [em dólares] Violet e Vuelca, que foram roubados, que roubou Rafael Ramírez com a colaboração de outros", explicou Tarek El Aissami.
Segundo o atual ministro de Petróleo da Venezuela, a operação começou em 29 fevereiro de 2012, quando Rafael Ramírez era ministro da Energia e Petróleos da Venezuela e também presidente da estatal PDVSA, empresa que 14 dias depois "pagou a primeira prestação em dólares aos fundos Violet e Vuelta" de "um suposto financiamento em bolívares que nunca existiu".
Tarek El Aissami anunciou que pediu também ao Ministério Público que "tramite a correspondente ordem de detenção internacional contra Rafael Ramírez, o principal ator moral e material deste mega-roubo sem precedentes na indústria petrolífera venezuelana".
O Ministério Público deve ainda investigar os irmãos Ignácio e Oberto Anselmi por transferir parte do dinheiro a Leopoldo Alejandro Betancourt López, que segundo Tarek El Aissami é familiar do político opositor venezuelano Leopoldo López, atualmente asilado em Espanha.
Por outro lado, deve arrestar as propriedades e bens de Juan Andrés Wallis Brandt da Administradora Atlantic, do ex-funcionário da PDVSA Víctor Aular Blanco, do ex-viceministro da empresa petrolífera Nervis Villalobos e do cidadão Abraham Edgardo Ortega Morales (atualmente em prisão nos EUA por corrupção).
"Ratificamos a nossa vontade inquebrantável de avançar na luta contra a corrupção", frisou o ministro venezuelano, que acusou ainda Rafael Ramírez de ser "traidor, covarde, um monstro" que traiu o falecido presidente Hugo Chávez e o povo venezuelano.
Radicado na Itália, o ex-ministro Rafael Ramírez, usou as redes sociais para alertar os venezuelanos que o Governo do Presidente Nicolás Maduro preparava "outro falso positivo" (coisa que parece se o que não é) contra si.
"Aviso-os de que o Governo está a preparar outro 'pote' contra mim. Tarek El Aisami, em vez de ocupar-se com a PDVSA e os seus trabalhadores, irá montar outro falso positivo. Será interessante porque vou explicar a todo o país como os filhos de Cília Flores [mulher do Presidente da República] desfalcaram a PDVSA", escreveu Ramírez na sua conta do Twitter.
O ex-presidente da PDVSA, explica que Tarek El Aissami "é procurado e está sancionado pela justiça internacional por graves delitos, incluindo o narcotráfico" o que "tira toda a legitimidade às suas acusações".
"O madurismo trata de fazer comigo o que a direita fez com Lula [da Silva, no Brasil]. O mesmo guião, os mesmos argumentos (...). Esta estratégia chama-se 'Lawfare) e é usada para perseguição política na nossa região", afirma.